

Na última quarta-feira (9), muitos brasileiros se assustaram ao se depararem com a nova proposta do governo norte-americano de impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros.
Publicidade
Na última quarta-feira (9), muitos brasileiros se assustaram ao se depararem com a nova proposta do governo norte-americano de impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros.
CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE
De acordo com a Agência Brasil, a medida afeta principalmente o setor industrial e pode comprometer empregos qualificados, além de pressionar a desvalorização do real.
Para o professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), Roberto Goulart Menezes, a iniciativa tem um viés que vai além da economia: trata-se de uma tentativa de coerção política.
A tarifa de 50% anunciada por Donald Trump contra todos os produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos chamou atenção não apenas pela magnitude, mas pela justificativa pouco comum no comércio internacional.
Publicidade
Conforme o E-Investidor, na carta enviada ao presidente brasileiro Lula (PT), Trump associa a medida a dois episódios: a condenação judicial do ex-presidente Jair Bolsonaro e as decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) que afetaram plataformas de tecnologia americanas, como o antigo Twitter (X).
Segundo o presidente norte-americano, o Brasil estaria promovendo uma “caça às bruxas” contra Bolsonaro e praticando censura contra empresas dos EUA. Ele cita diretamente a decisão do STF de suspender o funcionamento da rede X em 2024 como exemplo de ataque à liberdade de expressão.
Na prática, a tarifa funciona como uma sanção política disfarçada de barreira comercial. Trata-se de uma retaliação unilateral, que rompe com as normas tradicionais da Organização Mundial do Comércio (OMC), onde sanções devem ser justificadas por critérios econômicos e adotadas após consulta entre as partes. Isso torna a medida ainda mais delicada e polêmica.
Segundo Menezes, para a Agência Brasil, a motivação por trás da ação dos EUA não se limita à economia. O professor aponta que o objetivo seria pressionar o Brasil em questões internas, desestimular a regulação das Big Techs norte-americanas no país e enfraquecer os laços entre Brasil e China, o maior parceiro comercial brasileiro.
Publicidade
Para Menezes, essa estratégia reflete posturas antidemocráticas atribuídas ao presidente Donald Trump, como o incentivo à invasão do Capitólio em 2021 e intervenções em decisões judiciais de outros países, como a recente solicitação para que a Justiça israelense interrompesse ações contra o premiê Benjamin Netanyahu.
Caso a tarifa entre em vigor, seus efeitos não se restringirão aos exportadores. A economia como um todo será afetada e o consumidor brasileiro poderá sentir o impacto no bolso.
Com a moeda americana mais cara, o preço de produtos importados — como eletrônicos, combustíveis, fertilizantes e até alimentos — podem subir significativamente, pressionando a inflação.
Em paralelo, regiões fortemente dependentes do comércio exterior, como os polos de exportação de commodities e produtos industriais, podem sofrer retração econômica, perda de empregos e redução de investimentos.
Além disso, o Banco Central pode ser forçado a manter os juros elevados por mais tempo para conter o repasse inflacionário. Isso dificultaria a retomada do crescimento econômico, justamente em um momento em que o Brasil busca aumentar sua produtividade e atratividade para investidores estrangeiros.
Ainda conforme ao E-Investidor, embora o presidente Lula tenha afirmado que não tomará nenhuma medida imediata antes do prazo estipulado por Trump, especialistas apontam caminhos estratégicos que o Brasil pode seguir para responder à medida sem agravar ainda mais a crise.
Publicidade
A primeira ação recomendada é acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC), utilizando o mecanismo de solução de controvérsias. Mesmo sendo um processo lento, ele coloca a disputa em um ambiente institucional multilateral, o que ajuda a isolar o componente político da decisão dos EUA.
Outra alternativa importante é buscar uma coalizão com outros países afetados por medidas semelhantes, como México, Coreia do Sul e Índia, para exercer pressão coletiva contra os EUA e reduzir o risco de retaliações dispersas.
Por fim, o governo brasileiro pode reforçar mecanismos de apoio ao setor exportador, oferecendo linhas de crédito, seguro-exportação e incentivos para diversificação de mercados.
Segundo carta enviada pelo presidente Trump, a expectativa é que as novas tarifas dos EUA passem a valer a partir de 1º de agosto, caso não sejam revistas ou adiadas, como já ocorreu em negociações com outros países.
Colaboração: Renata Duque.
Publicidade
Invista em informação
As notícias mais importantes sobre mercado, investimentos e finanças pessoais direto no seu navegador