Com o dólar em alta, os brasileiros que planejam viagens internacionais enfrentam o dilema: comprar passagens aéreas agora ou aguardar por uma possível queda na cotação da moeda americana. A resposta não é simples e depende de uma análise cuidadosa da situação econômica, segundo especialistas consultados pelo E-Investidor.
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A valorização da moeda americana encarece não apenas o valor das passagens, mas também os custos operacionais das companhias aéreas, como combustível e manutenção, já que muitos desses gastos estão atrelados ao dólar. Consequentemente, os consumidores brasileiros sentem o impacto direto nos preços, que podem variar em momentos de alta cambial.
Planejamento é a chave para quem pode esperar
Para o consultor financeiro Rafael Gonçalves, da W1, a decisão deve considerar tanto o câmbio quanto o planejamento financeiro do viajante. “Se o orçamento é limitado, sugerimos optar por viagens domésticas. No entanto, para quem já planejou antecipadamente, comprou dólares antes ou está disposto a pagar mais caro pelo câmbio, é viável manter a viagem internacional”, afirma.
Elson Gusmão, diretor de câmbio da Ourominas, orienta a esperar se houver expectativa de queda do dólar. “O dólar está em um patamar elevado, e, se houver margem para aguardar, recomendo, pois acredito que a moeda está esticada”, pontua.
Os preços oscilam: um exemplo prático
Nas simulações de compra realizadas pela reportagem em julho, a diferença nos preços ficou evidente. Uma passagem de São Paulo para Barcelona, de ida e volta, que duas semanas antes custava R$ 4.575, ultrapassaram os R$ 9 mil.
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A variação também foi sentida em destinos como Nova York: com o dólar em queda de 1,70%, o valor do bilhete caiu para R$ 5.593, mas, na véspera, a mesma passagem custou R$ 6.835.
A universitária Fernanda Machado, que planeja um intercâmbio em Londres, relata ter visto os valores dobrados em comparação com o início de seus planos. “Passei os últimos meses estudando os preços das passagens aéreas para determinar o valor que eu precisaria ter com custos de toda a viagem. O que antes era uma leve oscilação nos preços, agora está o dobro”, comenta.
A influência do dólar sobre o preço das passagens
O aumento dos custos das companhias aéreas é explicado pelo impacto do dólar em despesas com combustível e contratos de leasing de aeronaves, com preços atrelados à moeda americana. Daniel Soares, diretor financeiro da agência Mundi, destaca que “porque a moeda não fica estabilizada. Ela oscila também. Ou seja, nesse sobe e desce do dólar acontece algo semelhante aos preços das viagens”.
Além disso, confira outros motivos que justificam o aumento nos preços das passagens aéreas quando o dólar está nas alturas:
- Muitas companhias aéreas operam com custos em dólares americanos, como aquisição de aeronaves, leasing, manutenção e compra de combustível. Um dólar mais forte pode aumentar esses custos em moeda local, levando as companhias a repassar parte desse aumento para os preços das passagens.
- O preço do combustível, geralmente cotado em dólares, pode aumentar quando o dólar se valoriza, influenciando os custos operacionais das companhias aéreas. Esse aumento pode ser repassado aos consumidores por meio de aumentos nas tarifas. “Para se ter ideia, o combustível no Brasil pesa 40%, no mercado americano esse peso reduz para 20%. O mesmo ocorre com mercados da região, como Chile e Colômbia”, explica o diretor financeiro da agência Mundi, Daniel Soares.
- Muitas companhias aéreas têm contratos de leasing de aeronaves ou outros serviços vinculados ao dólar. Um dólar mais forte pode aumentar os custos desses contratos, o que também pode contribuir para aumentos nas tarifas.
- Em alguns casos, um dólar mais forte pode reduzir a demanda por viagens internacionais, levando as companhias aéreas a aumentar os preços para compensar a menor ocupação de voos.
E agora? Compro ou não passagem aérea para o exterior?
- Se você já tem datas definidas e precisa garantir as passagens com antecedência, pode ser melhor comprar mesmo com o dólar alto para garantir os melhores horários e preços disponíveis, aconselham especialistas.
- Se você tem flexibilidade nas datas de viagem, pode valer a pena esperar por uma possível queda no câmbio para comprar quando o dólar estiver mais favorável.
- Monitorar as tendências econômicas e políticas que afetam o câmbio pode ajudar a prever se o dólar tende a subir ou cair no curto prazo. Decidir baseado em previsões pode ser arriscado, mas se você tem insights sobre fatores que podem influenciar o câmbio, isso pode orientar sua decisão.
- Considere também outros custos associados à espera, como possíveis aumentos nas tarifas aéreas devido à alta demanda ou eventos sazonais.
Colaborou: Gabrielly Bento.