Trump anunciou que a tarifa sobre produtos importados do Brasil será de 50% (Foto: Adobe Stock)
O Bank of America (BofA) reiterou recomendação ‘neutra’ para as ações brasileiras após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar uma tarifa de 50% para produtos importados do Brasil. O gigante de Wall Street diz que está ‘construtivo’ com os papéis em meio às expectativas de corte de juros no próximo ano, embora alguns já estejam precificados nas quadras da Faria Lima.
No entanto, o Bank of America pondera que está cauteloso com os valuations (valor do ativo) das empresas brasileiras e o lucro por ação (EPS, na sigla em inglês) projetado para o 2026 diante de um ano ‘incerto’. Dentre os riscos, alerta para ruído político, deterioração fiscal e decepções com o ritmo de progresso na agenda de reformas.
“Estamos cautelosos com os valuations se aproximando das médias históricas em direção a um 2026 muito incerto, e o fato de que os mercados já estão precificando alguns cortes (de juros) para o próximo ano”, diz o chefe de economia para Brasil e estratégia para América Latina do BofA, David Beker, em relatório a clientes, nesta quinta-feira.
O Bank of America espera que o ciclo de cortes de juros no Brasil comece com uma redução de 0,50 ponto porcentual na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de dezembro, com a Selic indo a 11,25% até o fim de 2026.
“Revisões para baixo no lucro por ação de empresas brasileiras são um risco se os cortes de juros demorarem mais para acontecer, já que o consenso espera mais de 30% de crescimento do EPS para o próximo ano para companhias domésticas, exceto bancos”, alerta Beker.
O Bank of America prefere commodities minerais e energéticas. O banco tem recomendação ‘neutra’ para Petrobras (PETR3; PETR4) e ‘abaixo da média’ para Vale (VALE3). E ainda por setores que se beneficiam de taxas mais baixas, embora as avaliações sejam ‘menos atraentes’ do que no início do ano, conforme o banco, mencionando varejistas como Lojas Renner (LREN3) e Hypera (HYPE3), além de outros nomes como B3 (B3SA3), Equatorial (EQTL3) e Multiplan (MULT3).
O Bank of America rebaixou a recomendação para a Bolsa brasileira, de compra (‘overweight’) para neutra (‘marketweight’) no mês passado. Na ocasião, justificou que, pela primeira vez em três anos, mudou o Brasil para ‘marketweight’, com base em uma visão neutra versus o restante da região, devido a gatilhos domésticos.