A Braskem (BRKM5) confirmou o início das conversas com a Unipar, mas frisou que, até o momento, não há qualquer definição. (Foto: Adobe Stock)
As ações da Braskem (BRKM5) registram forte alta de 7,15% no pregão desta sexta-feira (8), cotadas a R$ 8,99 por volta das 13h – uma reversão expressiva frente à queda de quase 3% do dia anterior. O movimento positivo no Ibovespa hoje acontece em meio à confirmação da empresa sobre tratativas com a Unipar Carbocloro envolvendo possíveis oportunidades com ativos ou participações societárias, o que animou parte do mercado.
Mesmo com a alta das ações BRKM5 no dia, analistas apontam que os fundamentos da companhia seguem sob forte pressão, refletindo um segundo trimestre desafiador e uma estrutura financeira delicada.
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A Braskem reportou no segundo trimestre de 2025 (2T25) prejuízo líquido de R$ 267 milhões, uma redução de 93% frente ao mesmo período de 2024. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) recorrente caiu 74% na base anual, somando R$ 427 milhões, enquanto a receita líquida recuou 6%, para R$ 17,857 bilhões. Veja aqui o balanço completo.
O resultado foi duramente afetado pela queda nos preços das resinas no mercado global, agravada pelas tensões comerciais internacionais e pela parada da planta no México (Braskem Idesa), além da alta competitividade com produtos importados no Brasil.
Em relatório, o Banco Safra classificou os números como decepcionantes e destacou a deterioração da alavancagem financeira da empresa. O Citi também se mostrou negativamente surpreso, mesmo já esperando números fracos.
Acordo com a Unipar: salvação?
Em fato relevante divulgado nesta manhã de sexta-feira (8), a Braskem confirmou o início das conversas com a Unipar, mas frisou que, até o momento, não há definição sobre ativos ou participações envolvidas e que não há acordo celebrado entre as partes — com exceção do contrato de confidencialidade.
A empresa destacou que esse tipo de negociação faz parte da rotina e que qualquer eventual transação dependerá da aprovação de seus órgãos de governança.
O CEO Roberto Ramos confirmou que a companhia está buscando um sócio para entre 20% e 25% da Braskem Green S.A., sua divisão de produtos verdes, com expectativa de conclusão até dezembro. A ideia é manter o controle da unidade, mas operá-la de forma independente — modelo semelhante ao da Braskem Idesa.
“A manutenção das plantas dos Estados Unidos é fundamental para a Braskem, porque lá estão os principais laboratórios para o plano de transformação da companhia”, afirmou.
E foi direto: “Não sou fã de vender ativos para pagar dívidas.”
A posição de caixa da companhia é de US$ 1,7 bilhão (cerca de R$ 10 bilhões), o que, segundo a própria Braskem, seria suficiente para cobrir os vencimentos de dívida pelos próximos 30 meses.
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Ainda assim, a geração de caixa operacional foi negativa em R$ 175 milhões no trimestre e o consumo de caixa totalizou R$ 1 bilhão – valor considerado expressivo, ainda que inferior ao do trimestre anterior.
Mercado difícil, resultados difíceis
O setor em que a Braskem atua vive uma das piores fases de sua história no Brasil. A Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) apontou um nível de ociosidade de 38% no primeiro trimestre de 2025, o pior em três décadas.
“A indústria química é um setor estratégico e essencial para a economia brasileira, mas atualmente opera com o maior nível de ociosidade da história, sendo desafiada pela estrutura de custos e pela crescente competição global”, ressaltou o CEO.
Segundo o BB Investimentos, mesmo com a recente valorização, as ações da Braskem continuam sob pressão, refletindo desafios estruturais relevantes.
A instituição chama atenção para o elevado nível de queima de caixa, os custos operacionais mais altos – consequência do uso de nafta como principal matéria-prima – e o enfraquecimento das margens globais no setor petroquímico, afetadas pelo excesso de capacidade produtiva, sobretudo na China.
Diante desse cenário, os analistas afirmam que apesar do potencial de valorização até R$ 14 em 2026, mantêm recomendação de venda para BRKM5.
Eles alertam ainda para a volatilidade das ações da Braskem, a incerteza sobre a venda do bloco de controle e os riscos associados aos passivos em Alagoas.