Mesmo com o alerta de chuva, o AdoCão reuniu dezenas de cães para adoção e educadores financeiros no Parque Villa-Lobos, em São Paulo. (Foto: Adobe Stock)
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu nesta semana um alerta amarelo para tempestades em municípios de cinco Estados do País, incluindo São Paulo. A previsão indica chuva de até 50 mm por dia, ventos de até 60 km/h e possível queda de granizo. Enquanto o clima castiga São Paulo neste sábado (4), o Parque Villa-Lobos abriga uma cena mais acolhedora: dezenas de cães à espera de um novo lar no evento AdoCão, promovido pela Pedigree em parceria com a Serasa. A iniciativa, que reúne ONGs de adoção e educadores financeiros, convida os paulistanos a refletir sobre um tema que vai além do afeto: o custo de cuidar e proteger um pet diante dos imprevistos do dia a dia.
Segundo Aline Vieira, especialista em educação financeira na Serasa, a adoção responsável também começa no planejamento financeiro. “Quando o tutor tem um pet, é muito importante que ele tenha uma reserva de emergência, se possível. A gente sabe que não é tão simples, porque existem outros custos na rotina, mas é essencial guardar um valor – nem que seja R$ 100 por mês – para eventuais emergências”, orienta.
Essa reserva pode ser decisiva em momentos de crise, como doenças, fugas, ou até danos causados por tempestades, cenário cada vez mais comum nas grandes cidades. Aline Vieira explica que, à medida que o animal envelhece, aumentam as chances de gastos imprevistos com medicamentos, exames e tratamentos. “Muitas vezes o tutor precisa abrir mão de um custo próprio para arcar com despesas do pet. Por isso, esse ponto é fundamental.”
Ela recomenda que a reserva tenha um espaço próprio no orçamento, “uma caixinha no banco”, como define.
A pessoa pode guardar esse dinheiro mensalmente ou a cada dois meses, separando um valor para possíveis emergências. O cálculo envolve itens básicos, como alimentação, vacinas, acessórios e transporte. Tudo precisa estar na ponta do lápis.
Alerta amarelo: as chuvas intensas aumentam as despesas com o pet
Com as mudanças climáticas e o aumento dos temporais, esses custos tendem a crescer. Casas alagadas, viagens emergenciais e doenças respiratórias em pets exigem preparo. A educadora financeira reforça que um plano de saúde animal ou seguro pet pode ser um aliado importante nesses momentos.
“Eu acredito que faz muita diferença, especialmente se o pet já tem predisposição a doenças ou é mais velhinho. Com um seguro, alguns exames e consultas acabam saindo mais em conta, ou até de forma gratuita. É preciso avaliar o porte do animal e o que o plano cobre, para ver se vale a pena na ponta do lápis”, explica a especialista.
Mas e quando o orçamento aperta? Segundo Vieira, recorrer a crédito ou parcelamento deve ser o último recurso. “Se for uma emergência muito cara, parcelar pode ser uma saída. Mas o ideal é entender o tamanho da dívida e planejar para que aquela parcela não comprometa outros gastos da família”, alerta. Ela sugere que, em momentos de crise, o tutor busque reduzir custos com cuidados que podem ser feitos em casa, como o banho, e adapte a alimentação com orientação veterinária.
Mais do que uma questão financeira, cuidar de um pet é também um exercício de responsabilidade e educação financeira. “Ter um animal ajuda muito as pessoas a desenvolverem o senso de planejamento. É um novo membro da família, e isso exige comprometimento”, diz a educadora.
Você não pode adotar pensando ‘depois eu me viro’. É preciso colocar no orçamento mensal e manter essa consciência até o último dia de vida do pet.
Enquanto educadores como Aline Vieira ajudam futuros tutores a se organizarem financeiramente, o gerente da Pedigree, Ricardo Marinho, reforça o objetivo principal do AdoCão: ampliar o alcance da campanha “Caramelo: Tudo de Bom”, que celebra 17 anos do programa de adoção da marca. “Descobrimos que 90% dos cães em abrigos são sem raça definida, e o Caramelo é o representante de classe deles. Queremos dar visibilidade a esses cães, que muitas vezes são os últimos a serem adotados”, explica.
Ricardo Marinho, gerente da Pedrigree durante o evento AdoCão, no parque Villa-Lobos (SP). (Foto: John Albuquerque)
A ação deste sábado reúne 32 ONGs parceiras e traz uma programação que vai além da adoção: há uma loja pop-up com produtos voltados à causa animal, um espaço instagramável e o “adotômetro”, painel que contabiliza em tempo real o número de cães que encontram um lar.
Segundo Marinho, o impacto vai muito além das adoções realizadas no dia. “A gente olha menos os números e mais o impacto de comunicação e conscientização que o evento gera nas pessoas”, afirma. Desde que o programa começou, há 17 anos, mais de 84 mil cães já foram adotados.
E, se depender do entusiasmo dos voluntários e do público – mesmo sob as nuvens carregadas -, muitos outros ainda terão a chance de sair do abrigo direto para um novo lar.