

A Allos (ALOS3), grupo resultante da fusão entre a Aliansce Sonae e a BrMalls, alcançou dois terços das sinergias previstas pela combinação dos negócios consumada no início de 2023. A companhia capturou um total de R$ 134 milhões, dos quais R$ 104 milhões via ganhos de receitas e R$ 30 milhões por cortes de custos e despesas. A meta continua sendo bater em R$ 210 milhões, algo esperado a partir do próximo ano.
Esse marco está alinhado com as expectativas de analistas e investidores, ajudando a desfazer o ceticismo de uma parte desse público sobre a capacidade da nova empresa em destravar os ganhos projetados. Operações desse tipo são complexas e contam com um histórico que deixou algumas frustrações. Outras gigantes do varejo, por exemplo, enfrentaram um caminho mais duro para extrair as sinergias previstas de aquisições nos seus setores – como mostrou o balanço da Natura semana passada.
“Nossos resultados foram expressivos, sem percalços na integração. Isso é muito importante porque foram poucos os deals de integração no Brasil que aconteceram sem ruídos”, afirmou a diretora financeira e de relações com investidores da Allos, Daniella Guanabara, em entrevista ao Broadcast. “Pela frente, buscamos chegar ao guidance prometido”, emendou.
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Guanabara disse que a evolução na captura de sinergias foi possível graças à experiência da direção, que já havia atravessado uma fusão entre a Aliansce e a Sonae Sierra, tempos antes. “O negócio com a BrMalls era algo bem maior, mas os passos eram parecidos”, apontou. “Então, nos preparamos. Antes do ‘dia um’ já tínhamos o time de integração montado e ajudado por consultoria. Quando o Cade aprovou, colocamos o plano em execução”, explicou. Os próximos passos envolvem a integração dos programas de ERP – ligado a gestão de finanças, RH, produção, cadeia de suprimentos e vendas. “Estamos confiantes de que a ultima fase virá bem”.
Novas Metas+
A Allos também divulgou suas metas (guidances) para 2025, entre eles a previsão de que o Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) ficará entre R$ 2,070 bilhões e R$ 2,150 bilhões em 2025. Se confirmado, isso representará alta de 8% ante 2024 (considerando o ponto médio da meta). “Isso indica que temos confiança de que o ano será positivo, e que poderemos entregar crescimento”, afirmou Guanabara.
A diretora disse que a demanda de lojistas por espaço nos shoppings está aquecida. Em 2024, o grupo fechou um total de 1,1 mil contratos para novos entrantes. “O varejista está animado e olhando para frente”. Na ponta do consumo, o movimento é bom, graças ao crescimento da economia e redução do desemprego. Além disso, os cinemas voltaram à normalidade, contando com safras de filmes capazes de atrair o grande público. Isso, por sua vez, alimenta o fluxo nos estacionamentos e nas praças de alimentação.
Uma das preocupações para o ano diz respeito aos juros altos, que tem elevado o serviço da dívida. Em resposta, a companhia trabalhou na revisão da sua dívida, com novos financiamentos a prazos mais longos e juros menores. Esse trabalho já está concluído para o momento, disse a executiva.
Após a fusão, a Allos também se desfez de R$ 2,5 bilhões em shoppings e participações para reduzir a dívida e lapidar o portfólio, ficando apenas com os empreendimentos de grande porte e posição dominante em suas regiões. Para 2025, não são esperadas mais vendas relevantes. “Podem surgir oportunidades pontuais, mas em menor escala do que no passado”, contou.
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A companhia tampouco pretende trabalhar proativamente com aquisições, justamente por causa do cenário de juro alto. “Tem pouco espaço para isso neste ano, porque as condições macroeconômicas não são tao favoráveis. Mas estamos atentos a oportunidades”, ponderou.
Dentro do seu guidance, está a previsão de realizar investimentos entre R$ 450 milhões e R$ 550 milhões. Os valores serão destinos à manutenção dos shoppings e aos projetos em andamento para expansão e revitalização dos empreendimentos. A companhia está trabalhando nas expansões, já anunciadas, do Parque Shopping Maceió, Shopping Recife, Shopping Tijuca e no Shopping Campo Grande, além das revitalizações do Shopping Dom Pedro (Campinas-SP) e no Shopping da Bahia.