CVM "livrou" controladores da Ambipar (AMBP3) de OPA. Foto: Ambipar/Divulgação
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) decidiu nesta terça-feira (29) isentar o controlador da Ambipar (AMBP3), Tércio Borlenghi Júnior, da necessidade de realizar uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) para acionistas minoritários da empresa. A informação foi divulgada em fato relevante pela companhia e noticiada pela CVM.
“O colegiado entendeu não estarem configurados os requisitos necessários para imposição da obrigação de realização da OPA por aumento de participação ao acionista controlador e aos demais acionistas envolvidos no processo”, informou a empresa.
O informativo sobre a reunião do colegiado da CVM mostra que o diretor João Accioly votou contra a obrigação de OPA pela Ambipar, sendo acompanhado por Otto Lobo, que participou na condição de presidente interino da autarquia. “Restaram vencidos o então presidente João Pedro Nascimento, que renunciou em julho, e a diretora Marina Copola, conforme votos proferidos na reunião de Colegiado de 24 de junho de 2025″, sinalizou o texto.
Relembre o caso
Em 2024, as ações AMBP3 subiram mais de 730%, movimento que surpreendeu os analistas do mercado financeiro e que foi atribuído às compras de ações realizadas pelo CEO da empresa, Tércio Borlenghi Junior, e aos fundos associados ao investidor Nelson Tanure.
O aumento da posição na Ambipar gerou, na visão de especialistas, uma movimentação conhecida como short squeeze. Ela ocorre quando investidores com posições vendidas (short) desfazem suas apostas na queda do papel e recompram a ação para zerar a posição, puxando o preço para cima à medida que outros fazem o mesmo.
Em março de 2025, o caso ganhou um novo desdobramento. A Superintendência de Registro de Valores Mobiliários (SRE) determinou que o CEO da Ambipar e os fundos envolvidos realizassem uma OPA por aumento de participação na companhia. Nessa oferta, o comprador se compromete a adquirir um número determinado de ações, conforme condições previstas em edital.
Em reunião de Colegiado da CVM realizada no final de junho, o então presidente da autarquia, João Pedro Nascimento, e a diretora Marina Copola votaram favoravelmente à realização de uma OPA na Ambipar. Eles entenderam, porém, que a obrigatoriedade da oferta deveria recair apenas sobre controlador da empresa, Tercio Borlenghi Junior. Contamos os detalhes dessa história aqui.
Na ocasião, o então diretor Otto Lobo pediu vista do processo, o que suspendeu a deliberação. A análise foi retomada apenas nesta terça-feira (29), quando Lobo – agora atuando como presidente interino – e João Accioly votaram contra a exigência de OPA na Ambipar, encerrando a discussão.