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Americanas (AMER3): ação dispara mais de 20% após empresa anunciar encerramento da Ame Digital

Empresa também afirmou estar avaliando a possibilidade de venda da Shoptime e do Submarino

Americanas (AMER3): ação dispara mais de 20% após empresa anunciar encerramento da Ame Digital
Fachada de loja da Americanas (Foto: PEDRO KIRILOS/ Estadão Conteúdo)

As ações da Americanas (AMER3) figuraram entre os principais ganhos do mercado brasileiro nesta segunda-feira (2). No fechamento, os papéis da empresa dispararam 20,97% cotados a R$ 6,98, após oscilarem entre máxima a R$ 7,24 e mínima a R$ 5,77. O movimento ocorre após a varejista informar novos planos estratégicos de negócios.

Conforme antecipado na teleconferência de resultados do segundo trimestre da Americanas, a empresa informou ao mercado que os serviços de conta de pagamento, credenciadora e participante indireta de Pix não serão mais oferecidos pela Ame Digital, que também deixa de ser uma plataforma autônoma de produtos e serviços financeiros.

Ainda em comunicado, a empresa disse que atividades fora do escopo da Ame serão transferidas para a Americanas, juntando-se à sua própria equipe de Serviços Financeiros, com o objetivo de concentrar esforços em um novo programa de fidelidade. A mesma informação também está disponibilizado no site da própria Ame, que agora exibe um aviso sobre o fim de suas operações.

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“Desde o último ano, o ecossistema Americanas vem passando por uma grande transformação. Agora, em uma nova fase, a Ame assumirá um outro papel, passando a concentrar suas soluções em um novo programa de fidelidade da Americanas. Em breve, os serviços de conta de pagamento não serão mais oferecidos e sua conta será encerrada.”, diz a mensagem no site, trazendo ainda o slogan “Uma nova Ame para uma nova Americanas”.

No comunicado enviado ao mercado, a varejista também destacou que contratou um assessor financeiro para buscar interessados na aquisição da Ame Digital, como parte das estratégias do seu plano de recuperação judicial, aprovado em fevereiro deste ano. A Centria Capital Partners, consultoria escolhida pela companhia, fará a prospecção de oportunidades para venda do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) da plataforma de pagamentos digitais e cashback.

A Americanas disse ainda que segue avaliando a possibilidade de alienação de outros ativos menores e não estratégicos, como as marcas Shoptime e Submarino, em processos também conduzidos pela Centria.

O que os clientes da Ame devem fazer agora?

Com o fim das operações da Ame, a empresa recomenda que os clientes acessem a plataforma e transfiram o saldo para uma conta de sua preferência. Outra opção é usar o dinheiro para fazer compras à vista nas lojas físicas da Americanas até o dia 02 de novembro de 2024. Depois, o usuário deve encerrar a sua conta na Ame.

Para evitar golpes, a empresa alerta também que “não entra em contato pedindo senhas, login, tokens, número de cartão, dados pessoais, códigos de segurança ou qualquer outro dado de acesso ou movimentação relacionada à conta pessoal dos clientes.”

As notícias que movimentaram as ações da Americanas (AMER3) nos últimos meses

No começo de agosto, a empresa divulgou os números dos aguardados balanços do exercício de 2023 e do 1º semestre de 2024, que foram repetidamente adiados. No acumulado do ano passado, a varejista registrou prejuízo de R$ 2,2 bilhões, 82,8% melhor do que o observado no mesmo período de 2022. Já nos seis primeiros meses deste ano, o resultado negativo foi de R$ 1,4 bilhão, 56% menor do que no mesmo intervalo de 2023.

Apesar de melhores no comparativo, os dados ainda revelam uma conjuntura de preocupação para a Americanas. Conforme explicamos nesta reportagem, os números mais altos vieram em um contexto favorável para o setor de varejo, quando o Brasil passava pelo fim do ciclo de alta da Selic e por uma melhora no endividamento das famílias. Agora, as perspectivas já mudaram, sendo esperada uma nova alta dos juros pelo Banco Central.

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Além dos balanços ainda preocuparem o mercado, a falta de “horizonte” – já que a empresa decidiu retirar os “guidances” (projeções financeiras) para os próximos meses – desperta um nível extra de insegurança. Como resultado, as ações chegaram a derreter 57% em 15 de agosto – o primeiro pregão após a divulgação dos resultados trimestrais –, terminando o dia a R$ 0,14, quase o preço de uma bala de iogurte.

Buscando aumentar o valor de negociação dos papéis, a empresa passou por um grupamento de ações na última segunda-feira (26). O processo, aprovado em assembleia geral extraordinária realizada em 21 de maio de 2024, ocorreu na proporção de 100 para 1 – ou seja, 100 ações se transformaram em uma única ação, enquanto o valor nominal dos papéis foi aumentado na proporção inversa.

Com o grupamento, após fecharem o pregão de segunda-feira na mínima histórica de R$ 0,05, os ativos abriram a sessão de terça-feira (27) cotados a R$ 5,40. Já no fechamento, os papéis da empresa subiram 40%, sendo negociados a R$ 7.

No ano, as ações da Americanas acumulam perdas de 92,11%. Já em agosto, registram desvalorização de 86,95%.