Ata do Copom, divulgada nesta terça-feira, reforçou o cenário de "elevada incerteza" e deve refletir no mercado financeiro hoje. (Foto: Adobe Stock)
O Comitê de Política Monetária (Copom) repetiu, na ata da sua última reunião, que antecipa uma “continuação na interrupção no ciclo de alta dos juros”. O objetivo é avaliar se a manutenção da taxa Selicno nível atual de 15% por período “bastante prolongado” é suficiente para fazer a inflação convergir à meta, de 3%.
Na última quarta-feira (30), o Copom decidiu colocar um ponto final no ciclo de aperto monetário depois de dez meses de alta e optou por manter a taxa básica de juros, a Selic, em 15% ao ano. Trata-se do maior nível de juros em quase duas décadas.
“O Comitê enfatiza que seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado”, diz a ata, repetindo um trecho do comunicado.
Leonardo Costa, economista do ASA, aposta em início do ciclo de queda de juros somente em dezembro deste ano, com corte de 0,25%. “Em resumo, o Copom avaliou que o ambiente externo se tornou mais adverso e incerto, especialmente devido à política econômica dos EUA. No cenário doméstico, a atividade mostra sinais de moderação, mas o mercado de trabalho segue resiliente”.
Ata do Copom avalia impacto das tarifas dos EUA
O colegiado voltou a mencionar que a elevada incerteza no cenário externo. Os impactos agregados das tarifas dos Estados Unidos para produtos importados do Brasil sobre a economia doméstica dependem de negociação e percepção de risco, de acordo com a ata do Copom. O documento do encontro de julho traz um longo parágrafo (de número 6) sobre o tarifaço e suas possíveis consequências.
Foi em 9 de julho que os EUA decidiram aplicar, além dos 10% de alíquota recíproca, uma taxa maior para o Brasil, de 40%. Enquanto os membros se reuniam no Copom, os EUA informavam que quase 694 produtos estariam sem esse acréscimo.
“Se, de um lado, a aprovação de alguns acordos comerciais, assim como os dados recentes de inflação e atividade da economia norte-americana poderiam sugerir uma situação de redução da incerteza global, de outro, a política fiscal e, em particular para o Brasil, a política comercial norte-americanas tornam o cenário mais incerto e mais adverso”, considerou o colegiado.
Para a cúpula do BC, a elevação por parte dos Estados Unidos das tarifas comerciais para o Brasil tem impactos setoriais relevantes e impactos agregados ainda incertos a depender de como se encaminharão os próximos passos da negociação e a percepção de risco inerente ao processo.