A ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada há pouco, apresentou um parágrafo a mais, além do usual, para detalhar os impactos da guerra no Leste Europeu sobre as cadeias produtivas e a inflação. Usualmente, o cenário externo é o primeiro assunto tratado no documento em apenas um parágrafo. Na edição de hoje, dada a importância do tema para a política monetária, o assunto foi desmembrado em dois.
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Na ata anterior, o Copom já tinha avaliado que o ambiente seguia “menos favorável”, mas citava a pressão inflacionária nos Estados Unidos, a nova onda de Covid-19 e a variação dos preços das commodities. No documento de hoje, o BC aprofundou sua preocupação com o cenário externo, acrescentando que “o ambiente se deteriorou substancialmente”. “O conflito entre Rússia e Ucrânia levou a um aperto significativo das condições financeiras e aumento da incerteza em torno do cenário econômico mundial”, enfatizou a autoridade monetária.
O primeiro parágrafo prossegue analisando que o choque de oferta decorrente do conflito tem o potencial de exacerbar as pressões inflacionárias que já vinham se acumulando tanto em economias emergentes quanto avançadas. Também comentou que, desde a reunião anterior, a maioria das commodities teve avanços relevantes em seus preços, em particular as energéticas.
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O assunto extrapolou para um segundo parágrafo, que o conflito na Europa e as sanções aplicadas à Rússia geraram reflexos na reorganização das cadeias de produção globais, com a criação de redundâncias na produção e no suprimento de insumos e mudança no tratamento dos estoques de bens (no sentido de se deter maiores estoques). “Na visão do Comitê, esses desenvolvimentos podem ter consequências de longo prazo e se traduzir em pressões inflacionárias mais prolongadas na produção global de bens.”