Ativa acredita ser bom momento para investir em títulos prefixados de vencimento curto. Foto: Adobe Stock
A Ativa Investimentos enxerga que o momento é favorável para títulos prefixados de vencimento curto, enquanto os desafios fiscais indicam a necessidade de prudência com ativos expostos ao risco Brasil. As informações estão presentes na carta mensal da corretora, assinada por Étore Sanchez, Guilherme Sousa e Matheus Alexandre.
A casa enxerga uma ausência de coordenação entre os poderes Executivo e Legislativo, o que dificulta a tramitação de pautas econômicas estruturais e adiciona pessimismo ao mercado brasileiro, mitigando a entrada de capital estrangeiro. Para se ter ideia, em julho, houve uma saída líquida de R$ 6,27 bilhões em recursos externos, pior desempenho mensal desde abril de 2024, quando o saldo negativo foi de R$ 11,1 bilhões, segundo dados de Einar Rivero, CEO e sócio-fundador da Elos Ayta Consultoria.
Na avaliação da Ativa, esse cenário favorece posições em prefixados de vencimento curto, aproveitando o elevado rendimento oferecido e a perspectiva de inflação relativamente controlada. “Por outro lado, a deterioração fiscal sugere cautela com ativos ligados ao risco Brasil no horizonte imediato”, destaca.
A corretora pondera, no entanto, que as eleições presidenciais em 2026 podem mudar esse contexto. Se houver maior probabilidade de vitória de um governo com agenda fiscalista, é possível que ocorra uma precificação positiva dos ativos de risco brasileiros no médio prazo.
Projeções para IPCA, Selic e PIB
A Ativa mantém projeção de 4,7% para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2025 e de 4,3% para 2026, assumindo ausência de choques relevantes nos preços administrados. Quanto à Selic, a estimativa é que a taxa básica de juros brasileira continue em 15% até meados de 2026, com cortes graduais de 50 pontos-base a partir de então, chegando até 13% ao fim desse ciclo de reduções.
Na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), a corretora observou uma postura dura da autoridade, com o Copom buscando manter as condições financeiras apertadas, mesmo diante da estabilização da inflação corrente. Com isso, a sinalização é de que cortes na Selic só ocorrerão com forte ancoragem de expectativas, algo ainda distante, na visão da Ativa.
Sobre o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, ponto que a casa considera mais polêmico em suas projeções, a estimativa é de que a economia brasileira cresça 1,2% em 2025, bem abaixo da mediana do Boletim Focus, que aponta para um avanço do PIB de 2,21% neste ano. A corretora enxerga um cenário mais apertado para o mercado de crédito diante da restrição monetária em curso.
“Quando citamos o crédito em termos macroeconômicos, não nos referimos apenas ao crédito às famílias e empresas, mas também à expansão do endividamento da nação”, pontua. “Quando o serviço da dívida chega, o PIB é obrigado a contrair para honrar compromissos passados, a chamada ‘fatura do governo’. Entretanto, a fatura do estado Brasileiro não tem sido paga, sendo ‘rolada’ no novo governo”, explica.
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Sem novas rodadas de adiamento do pagamento de dívidas, a Ativa enxerga ser pouco provável que os economistas voltem a ser surpreendidos positivamente com o PIB brasileiro.