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Azul (AZUL4) frustra expectativas no 2º Tri. O que pesou no balanço?

O prejuízo da companhia aérea foi 31,3% pior do que a cifra também negativa de um ano antes

Azul (AZUL4) frustra expectativas no 2º Tri. O que pesou no balanço?
(Foto: Fabio Motta/Estadão)

Azul (AZUL4) registrou prejuízo líquido de R$ 3,865 bilhões no segundo trimestre de 2024, revertendo o lucro de R$ 497,9 milhões no mesmo período de 2023, segundo balanço divulgado nesta segunda-feira (12).

No critério ajustado, o prejuízo da companhia aérea somou R$ 744,4 milhões, 31,3% pior do que a cifra também negativa de um ano antes. Já o resultado operacional caiu 25,5% na mesma base comparativa, para R$ 441,2 milhões. Veja detalhes nesta matéria.

Análises do balanço da Azul

Ativa

A Ativa afirmou ter uma impressão negativa sobre os resultados da Azul no segundo trimestre de 2024. O analista Ilan Arbetman destaca que os resultados vieram abaixo do esperado, impactados pelas enchentes no Rio Grande do Sul e menor capacidade internacional.

A redução dos guidances (projeções) e o crescimento da alavancagem também foram mencionados como pontos negativos, enquanto a expectativa é que a empresa encontre dificuldades para melhorar as margens nos próximos trimestres.

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Apesar dos aumentos com salários, gastos com passageiros, manutenção e reparos, além de comerciais e publicidade, no preço do querosene de aviação (QAV) e a depreciação de 5,3% do real frente ao dólar, os custos por ASK (preço que um vendedor está disposto a aceitar por um título, que é frequentemente chamado de preço de oferta) foram 1,8% menores na comparação anual devido à maior produtividade e iniciativas de corte de custo realizadas pela empresa, como a modernização da frota.

“Nominalmente, no entanto, os valores foram superiores ao esperado e levaram a empresa a reportar Ebitda (lucro antes de juros, depreciação, amortização e impostos) abaixo do que esperávamos”, pondera Arbetman.

A expectativa do analista é que os aumentos do QAV promovidos pela Petrobras (PETR3; PETR4) nos últimos meses e a manutenção de um dólar forte frente ao real dificultarão a obtenção de melhores margens nos próximos trimestres.

Arbetman ressaltou ainda que por conta da tragédia gaúcha, redução temporária da capacidade internacional no primeiro semestre e aos atrasos dos fabricantes nas entregas de novas aeronaves, Azul reduziu suas expectativas em 4 pontos porcentuais para o crescimento anual da oferta em 2024, em pelo menos 7,7% para o Ebitda do ano e aumentou em 1,2 p.p. o quanto espera de alavancagem financeira (de 3,0 vezes para 4,2 vezes) ao fim de 2024.

“Como dissemos após o release do primeiro trimestre de 2024, nutríamos desconfianças quanto ao alcance do guidance anterior, que acabou alterado junto dos números do segundo trimestre. Sem enxergar novos catalisadores, seguiremos neutros”, disse, justificando a recomendação neutra para o papel. O preço-alvo está em revisão.

Goldman

O Ebitda de R$ 1 bilhão registrado pela Azul no segundo trimestre de 2024 veio 18% menor do que as projeções do Goldman Sachs. O banco atribui a diferença ao desempenho pior do que o esperado nas receitas unitárias, que foi apenas parcialmente compensado por custos unitários menores. Os analistas destacam também a redução de guidance anunciada pela aérea.

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As receitas unitárias (rask) recuaram 5% na comparação anual e 10% na trimestral. O resultado é significativamente pior do que a sazonalidade implícita, que seria de queda de 3% trimestre contra trimestre, segundo os analistas Bruno Amorim, João Frizo e Guilherme Costa Martins.

Eles destacam ainda, como ponto de atenção, a redução de guidances anunciada pela companhia após a divulgação do balanço. A Azul espera que a oferta (ASK) cresça 7% no ano ante 11% anteriormente. Já a estimativa para o Ebitda foi reduzida de mais de R$ 6,5 bilhões para R$ 6 bilhões, refletindo a expectativa de redução no crescimento da capacidade.

Ainda assim, o banco mantém a recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 20,10, potencial alta de 152,8% ante o último fechamento. “Acreditamos que a Azul (AZUL4) deve manter o poder de precificação, já que toda a indústria permanece racional e focada na reconstrução da lucratividade, o que deve permitir o repasse de custos para as tarifas e abrir espaço para expansão de margem”, justificam os especialistas.

*Com informações do Broadcast