As ações da Azul (AZUL4) fecharam em forte queda no pregão desta segunda-feira (15). Os papéis da companhia aérea despencaram 20,75%, encerrando a sessão cotados a R$ 0,84, abaixo do patamar de R$ 1, após a empresa anunciar os próximos passos do seu processo de Chapter 11 (uma espécie de recuperação judicial nos Estados Unidos).
A Azul informou na última sexta-feira (12) que o Tribunal dos EUA aprovou o seu plano de reorganização, etapa decisiva para a conclusão de seu processo de reestruturação. O plano recebeu mais de 90% de aprovação em todas as classes de credores elegíveis, bem acima do necessário para a validação pela Corte.
O plano prevê uma reestruturação profunda do balanço da Azul, com redução de mais de US$ 3 bilhões em dívidas, arrendamentos e custos recorrentes de frota. Também inclui uma oferta de direitos de ações de até US$ 950 milhões, dos quais US$ 850 milhões já estão assegurados por parceiros estratégicos.
Além da oferta, os próximos passos incluem a conversão de debêntures conversíveis, a transformação de ações preferenciais em ações ordinárias, com possível mudança no estatuto social da companhia (a depender de decisão em assembleia), e a conversão de notas de crédito de primeiro nível – nota 1L, que têm prioridade máxima no recebimento dos valores devidos – e de segundo nível – 2L, que só recebem o pagamento após todos os detentores das notas 1L.
O Bradesco BBI e a Ágora Investimentos avaliam que o processo deve resultar em uma diluição massiva dos acionistas minoritários, devido às conversões de dívida, levando os detentores de notas 1L a ficarem com cerca de 97% de participação na companhia e os 2L com aproximadamente 3%. As subscrições e a emissão de novas ações também podem mexer com a base acionária da companhia aérea.
“Como resultado, os acionistas atuais devem ser quase totalmente diluídos, em linha com nossa recomendação de venda”, afirmam os analistas André Ferreira, do Bradesco BBI, e Larissa Monte, da Ágora Investimentos, que têm preço-alvo de R$ 0,5 para AZUL4.
No entanto, as casas pontuam que, com a aprovação do plano, a Azul está no caminho para sair do Chapter 11 em breve, com um balanço mais limpo e no caminho para reforçar as operações. “Esperamos um balanço reforçado após o fim do processo, devido à redução da dívida total após as conversões em ações, nova estrutura de pagamentos de leasing (arrendamento) e o novo capital de US$ 950 milhões, que será ancorado por investidores comprometidos e subscrito por um ou mais investidores estratégicos”, afirmam.