Azul enfrenta recuperação judicial nos EUA (Foto: Adobe Stock)
Apesar de ter caído mais de 12% no início dos negócios desta quarta-feira, após anunciar que protocolou o pedido de Chapter 11, equivalente à recuperação judicial nos Estados Unidos, as ações preferenciais da Azul (AZUL4) diminuiram queda, recuando 0,93% por volta das 13h05.
“Cai no boato e sobe no fato”, disse um operador de mercado. Outro profissional aponta que há muitos operadores zerando posição short, o que acaba retendo fluxo pelo papel no mercado à vista. O fato é que o papel já vinha em deterioração. Em maio perde 27,89%, aprofundando a queda em 70% em 2025.
Hoje, na largada dos negócios, as ações preferenciais ficar abaixo do piso de R$ 1 (a R$ 0,94) pela primeira vez desde o oferta pública inicial (IPO), há oito anos, quando estreou na Bolsa valendo R$ 21. No pré-mercado de Nova York, o ADR chegou a tombar 40%, mas neste momento sobe 2,33% na Nyse.
O valor de mercado da Azul que atingiu o teto de R$ 20 bilhões em 2020, há 15 dias sucumbiu os R$ 500 milhões e neste momento transita na casa dos R$ 444 milhões.
O papel perdeu atratividade inclusive no aluguel, cuja taxa está em 133%. Em 29 de abril, a taxa média de aluguel da Azul PN chegou a impressionantes 315,69% ao ano, segundo relatório da Ativa Investimentos. “Hoje o papel está caindo pouco porque tem muita gente zerando esse short”, afirma Artur Horta, da GTF Capital.
“A entrada na RJ era apenas questão de tempo, novidade zero, mesmo assim achei que poderíamos ter uma bela queda hoje por conta do anúncio”, diz Felipe Sant’Anna, especialista em Mercado Financeiro do Grupo Axia Investing, citando “pontos positivos” no plano, como a possibilidade de captar dinheiro das companhias aéreas americanas. Ele destaca, no entanto, que é preciso tempo para avaliar. “Como o papel já está em R$ 1, também não tem muito espaço para cair”, pondera.
Para o analista Rafael Passos, sócio da Ajax Asset, o objetivo do Chapter 11 é fortalecer posição financeira da empresa e manter suas operações. “Mas aumenta os riscos”, diz, considerando atraso nas entregas de aeronaves (podendo comprometer plano estratégico), piora procura de voos, deixa a concorrência ainda mais acirrada e reduz as margens. “De forma geral, a percepção de risco piora, mesmo que dê fôlego de curto prazo com liquidez”, afirma.
Saída da Azul do Ibovespa
Com o pedido de recuperação judicial oficializado nos EUA, as ações da Azul devem, assim como ocorreu com a Gol (GOLL4), também deixar a carteira teórica do Ibovespa, que ficará sem uma referência do setor. A Gol, por exemplo, teve o seu desembarque do índice decretado em 29 de janeiro do ano passado, exatamente um pregão depois do aval da Justiça americana para o pedido de recuperação judicial, em 26 de janeiro, uma sexta-feira.
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Procurada, a B3 ainda não confirmou a saída da Azul (AZUL4) dos índices de referência, mas deve ser só uma questão de tempo, segundo Sant’Anna. “Acredito muito nisso e, acontecendo, vários fundos podem vender o papel. É tipo empurrar o papel ainda mais para o buraco”, afirma.