O vice-presidente de Agronegócios e Agricultura Familiar do Banco do Brasil (BBAS3), Gilson Bittencourt, afirmou que o banco espera operar a linha de crédito subsidiada pelo Tesouro de R$ 12 bilhões para renegociação de dívidas rurais até a sexta-feira (24).
Na terça-feira (21), o banco iniciou as contratações de operações para renegociação de empréstimos de produtores e cooperativas rurais com recursos a taxas livres, sem subvenção do Tesouro.
“O Banco Central resolveu na segunda (20) o problema tecnológico de liberar o Sistema de Operações do Crédito Rural (Sicor) para podermos contratar as operações. Hoje demos sinal verde a todas as agências, principalmente para iniciar as contratações a taxas livres”, afirmou Bittencourt, em coletiva de imprensa após participar da reunião semanal da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).
“A nossa expectativa é que até sexta-feira estejamos operacionalizando essa linha com as taxas controladas. Até sexta-feira, estaremos com tudo pronto”, afirmou o vice-presidente.
Os R$ 12 bilhões citados por Bittencourt foram liberados pelo Tesouro para renegociação das dívidas de produtores rurais e cooperativas agropecuárias afetados por eventos climáticos adversos entre 2020 e 2024, com perdas de pelo menos 30% da produção, autorizada no âmbito da Medida Provisória 1.314/2025.
A medida é válida para 1.419 municípios que se enquadram nos critérios exigidos. Os juros variam de 6% a 10% ao ano, com prazo de pagamento de nove anos e limites de enquadramento, conforme o porte do produtor. A linha será operada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) via agentes financeiros credenciados, caso do BB.
Já quanto à linha de recursos próprios dos agentes financeiros a taxas livres para renegociação, Bittencourt lembrou que não há limite para as operações de liquidação ou amortização de débitos em atraso e que ela é voltada a grandes produtores que já operam a juros livres.
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“Cada instituição financeira vai buscar dentro dos seus clientes o maior número possível que possa ser atendido. Isso é importante, porque muitos desses grandes produtores já estavam operando com taxas livres”, apontou, mencionando que produtores fora dos municípios enquadrados pela medida já podem prorrogar os débitos, conforme prevê as normas do Manual de Crédito Rural. “A renegociação tem de ser exatamente para aquele produtor que está com dificuldade de pagar as parcelas”, pontuou.
O BB espera desembolsar R$ 20 bilhões nas renegociações com juros livres. O banco vai ofertar os recursos com juros pré-fixados ou pós-fixados. As taxas variam conforme o risco de cada produtor, mas devem ficar a partir de 16,75% a 17% ao ano nas condições fixas e carência de um ano e juros próximos à Selic em uma taxa pós-fixada.
“Caso o produtor opte por essa taxa pós-fixada e a Selic venha a cair, o que é a nossa expectativa, esta queda será atribuída ao produtor. Considerando um CDI +2,9% e uma Selic a 15%, se ela cair a 12%, esses três pontos porcentuais vão para o produtor. Como estamos falando de um prazo de até nove anos, isso é fundamental e pode ajudar o produtor ao longo do tempo”, explicou o vice-presidente de Agronegócios do banco.
Bittencourt afirmou ainda que o banco está avaliando as garantias envolvidas nas operações de crédito rural dado o aumento da inadimplência no setor e que, em alguns casos, pode rever as garantias exigidas nas operações.
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“O BB, como qualquer instituição financeira, na medida em que você tem uma elevação de inadimplência, até em respeito aos seus acionistas, temos que buscar uma melhor garantia para as nossas operações. Mas, estamos fazendo isso de forma muito cuidadosa, verificando onde precisamos avançar mais com as garantias e onde podemos manter as garantias tradicionais”, apontou o vice-presidente de Agronegócios do BB. A análise será “caso a caso” conforme a avaliação de risco de cada produtor, acrescentou.
O vice-presidente de Agronegócios do Banco do Brasil negou o argumento de parte de entidades do agronegócio de que há uma crise de crédito rural no Brasil. “Nós temos problemas que precisam ser superados. É isso que o governo e o Banco do Brasil estão contribuindo para ajudar na solução, olhando esses produtores que precisam”, pontuou. De acordo com ele, apesar da redução nas liberações de recursos na safra 2025/26, a maior parte dos produtores brasileiros estão em dia com as condições de crédito e mantendo investimentos. “Há um problema que é concentrado, seja em alguns produtos ou em algumas microrregiões. É sobre esses produtores que estamos buscando soluções”, acrescentou.
As prioridades do Banco do Brasil (BBAS3) são renegociação dos créditos inadimplentes, apontou o executivo, e o apoio ao custeio da nova safra aos produtores rurais.