O primeiro trimestre deve ser o mais fraco do ano para o Banco do Brasil (BBAS3), afirma o BTG Pactual (BPAC11) após reunião com integrantes da administração do banco público. Fatores como a qualidade de crédito do agronegócio e novas regras contábeis devem pressionar os resultados da instituição pública.
“Questões relacionadas à carteira do agro não são exatamente uma novidade, mas a mensagem tem sido de que levará alguns trimestres para que as coisas se normalizem”, escreve a equipe liderada pelo analista Eduardo Rosman, em relatório enviado a clientes.
Os analistas do BTG se reuniram com o vice-presidente de Gestão Financeira e Relações com Investidores do BB, Geovanne Tobias; com a head de RI, Janaína Storti; e com o gerente de RI, Marcelo Alexandre. A principal questão foi o desempenho dos papéis do BB, que tem sido mais fraco que os dos outros bancos de tamanho similar.
No caso do agro, o BTG relata que mesmo com sinais de estabilização da inadimplência, novos casos de recuperação judicial têm acontecido. Além disso, o possível crescimento do PIB do setor deve demorar para se traduzir em resultados para o BB. “Sim, os volumes de safra têm sido recordes, mas os produtores continuam com uma posição de caixa apertada, ainda afetados pelo ciclo anterior.”
A resolução 4.966 do Conselho Monetário Nacional (CMN) também deve pressionar os resultados, ao ampliar o impacto da inadimplência. Ao adotar o modelo de perda esperada, o BB tem de provisionar os empréstimos em atraso mais rápido do que antes, quando a regra era a da perda incorrida. Por outro lado, a apropriação de receitas com juros deve ficar mais lenta, e mais próxima à entrada de fato dos recursos em caixa.
O BTG prevê que o lucro do BB ficará estável no balanço do primeiro trimestre, mas admite que há riscos a essa previsão. “Agora, parece provável que o lucro caia devido aos impactos já mencionados”, diz a casa.
Outro assunto discutido foi o novo consignado privado, em que o BB já originou cerca de R$ 2 bilhões em operações. De acordo com o BTG, Tobias acredita que o produto tem uma boa relação entre risco e retorno, e que o banco está bem posicionado para crescer em qualquer tipo de consignado, dada a posição que possui no produto destinado a servidores públicos.
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A expectativa do banco, de acordo com o banco, é ganhar mercado ao buscar bons clientes que hoje contratam linhas de crédito mais caras. O BB não vê como provável a imposição de um teto de juros para o produto.
O BTG afirma ainda que o vice-presidente mostrou menos urgência em relação à renovação do contrato comercial com a BB Seguridade, que vence em 2033. “Ele foi mais vocal sobre como melhorias nos produtos desenvolvidos pelos atuais sócios privados devem ser endereçadas, assim como condições operacionais, para atingir resultados melhores.”
O BTG recomenda a compra das ações do BB, com preço-alvo de R$ 24, 22,7% acima do fechamento de sexta-feira (25).