O Banco Central (BC) dedicou uma grande parte da ata da 51ª reunião do Comitê de Estabilidade Financeira (Comef), realizada na semana passada, para alertar sobre a deterioração adicional do cenário global desde o último encontro do Comef, em setembro, com diversas implicações para a estabilidade financeira.
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Além da continuidade da alta da inflação e das taxas de juros mundiais, assim como a maior chance de recessão nas principais economias do mundo, o BC destacou a elevação da volatilidade dos ativos financeiros em um momento de grande incerteza sobre o futuro. Na avaliação do comitê, esse ambiente tem reduzido a liquidez em mercados sistematicamente relevantes, como o de títulos públicos de economias centrais, algo que os diretores do BC vêm destacando em suas apresentações públicas mais recentes.
“Ambientes de elevada incerteza, como o atual, favorecem que alguns riscos acumulados, especialmente no setor financeiro não bancário – decorrentes, por exemplo, da opacidade e da alavancagem elevada em fundos de pensão e hedge funds em algumas dessas economias – possam se materializar”, disse o BC na ata do Comef.
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Nesse sentido, o comitê afirmou que as ações de BCs têm se mostrado importantes para endereçar disfuncionalidades temporárias e mitigar o risco sistêmico.
O colegiado ainda ressaltou o aumento da sensibilidade dos mercados globais a questões que afetem os fundamentos fiscais, inclusive em países desenvolvidos, como ficou claro no caso do Reino Unido. Esse fator também traz potenciais implicações para estabilidade financeira, pois favorece a materialização de cenários extremos de reprecificação dos ativos financeiros e consequente aumento dos custos de financiamento, público e privado.
Outro fator de risco para a estabilidade financeira destacado pelo Comef foi a desaceleração do mercado imobiliário nas principais economias do mundo, com manutenção por ora dos preços elevados para os padrões históricos. O BC ressaltou que, diante da piora do ambiente macroeconômico global, os bancos com importância sistêmica têm elevado as provisões de maneira preventiva, mesmo sem alta relevante da inadimplência ainda.
“Os bancos centrais reiteram que as instituições financeiras estão preparadas para enfrentar eventual materialização de cenários adversos”, disse o BC, reforçando que o sistema financeiro das principais economias segue resiliente, com níveis de capital e liquidez robustos.
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Diante do risco de materialização de cenário extremos de reprecificação de ativos financeiros globais, o BC ainda alertou para o impacto relevante que as economias emergentes podem sofrer. “A combinação de inflação elevada, atividade em desaceleração e alta volatilidade nos mercados traz desafios para a comunicação das políticas monetária, fiscal e macroprudencial nesses países. A transparência, previsibilidade e credibilidade na condução dessas políticas são essenciais para mitigar os riscos sistêmicos.”
Na semana passada, o Comef manteve o Adicional Contracíclico de Capital Principal relativo ao Brasil (ACCPBrasil) em zero. O ACCPBrasil é uma parcela do capital a ser acumulada na expansão do ciclo de crédito e consumida em sua contração. O instrumento trata o risco sistêmico cíclico do crédito e dos preços dos ativos. A próxima reunião ordinária do comitê ocorre no dia 1º de março de 2023.