A Boa Safra (SOJA3) encerrou o segundo trimestre de 2025 com receita líquida de R$ 125,1 milhões, alta de 42,9% em relação ao mesmo período do ano passado. O lucro líquido avançou 37% no comparativo anual, para R$ 24,8 milhões, enquanto o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado cresceu 45,4% e somou R$ 10,5 milhões, com margem de 8,4%.
Segundo a empresa, os resultados do segundo semestre refletem a operação em capacidade plena de 280 mil big bags, o crescimento nas vendas de outras culturas e a formação de uma carteira de pedidos recorde de R$ 1,6 bilhão, dos quais R$ 52 milhões em milho, trigo, feijão, sorgo e forrageiras.
Segundo o CEO Marino Colpo, a carteira atingiu “o maior nível da série histórica” e sinaliza trimestres fortes à frente.
“Apesar da gente não ter faturado, a gente mostra uma carteira de pedidos muito, muito robusta. Se todos esses pedidos se concretizarem, leva a crer que a gente vai ter um terceiro e um quarto trimestre positivos”, afirmou.
A estratégia da companhia tem sido aumentar a presença em pequenas e médias revendas. Em 2024, a Boa Safra atendeu 697 lojas em todo o País, e a meta é crescer esse número de forma expressiva em 2025. “Estamos fazendo muitas visitas por mês. Os pedidos refletem essa maior penetração”, disse.
O crescimento de volume também impulsionou os números do semestre. Em 2024, a capacidade instalada era de 240 mil big bags, mas foram efetivamente processadas 205 mil unidades. Neste ano, a produção chegou ao limite técnico, com 280 mil big bags. “No ano passado a gente não conseguiu produzir o total. Acabamos crescendo dois anos em um. É um desafio enorme crescer 40% em volume, em entrega, em todas as métricas”, afirmou Colpo.
A receita com outras culturas mais que dobrou no semestre, de R$ 73 milhões para R$ 162 milhões. Parte desse avanço decorre da antecipação logística das entregas de soja, que normalmente se concentram no segundo semestre. Colpo destacou que ainda há grande espaço de crescimento nas demais culturas. “Quando somamos milho, sorgo, trigo, feijão e forrageiras, temos um mercado quase do tamanho da soja. Mas ainda estamos na terraplanagem”, disse.
O lucro bruto no trimestre foi de R$ 47,2 milhões, crescimento de 49,7% sobre o 2T24. O resultado financeiro líquido, positivo em R$ 10,6 milhões, subiu 167,5% em 12 meses, com destaque para os ganhos com derivativos vinculados ao swap da primeira série do Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) emitido em janeiro, que geraram R$ 30,7 milhões em receita.
A dívida bruta totalizava R$ 853 milhões no fim de junho, abaixo dos R$ 955 milhões registrados um ano antes. A dívida líquida foi de R$ 223 milhões, com R$ 630 milhões em caixa e aplicações financeiras. Segundo o CFO Felipe Marques, 90% das obrigações têm vencimento superior a 12 meses. “Temos uma das melhores estruturas de capital do agro em termos de perfil de dívida. Isso nos permite tomar decisões sem preocupação de curto prazo com liquidez”, afirmou.
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A provisão para perdas esperadas (PDD) subiu de R$ 784 mil para R$ 14,5 milhões no comparativo anual. Marques explicou que o aumento decorre de uma postura mais conservadora. “Fomos rigorosos, mas mesmo assim nossa inadimplência é uma das menores do setor. Temos uma carteira de R$ 580 milhões e estamos confiantes na recuperabilidade dos valores.”
Apesar do avanço nas despesas operacionais, a empresa diz que a meta é manter os custos crescendo em ritmo inferior ao das entregas.
“Estamos crescendo 40% em volume. É natural que cresçam energia, frete, equipe comercial. O desafio é crescer menos (em custos) que os volumes (entregues), para ganhar eficiência mesmo num ano apertado para a soja”, afirmou Colpo. A média de venda da saca de soja, segundo ele, caiu de R$ 200 para R$ 110 nos últimos cinco anos.
O CEO também destacou o aumento das vendas de sementes com biotecnologia avançada. “O produtor continua disposto a comprar semente de alta qualidade. Temos visto crescimento forte nas vendas. Mesmo num ano desafiador, estamos vendendo mais tecnologia”, disse. Ele projetou tendência de alta no custo da semente dentro da estrutura de insumos agrícolas. “Em 2008, a semente era 3% do custo da lavoura de soja. Hoje representa 15%. A inovação está concentrada em sementes e biológicos.”
Para o segundo semestre da Boa Safra (SOJA3), a prioridade será converter estoques em faturamento e manter a eficiência da operação. “Todas as linhas estão crescendo. Os dois primeiros trimestres do ano respondem por 20% da nossa receita. Os outros 80% vêm agora. Estamos preparados para entregar”, concluiu Colpo.