Levantamento do Bank of America revela que gestores veem risco crescente de bolha em IA, excesso de investimentos e excesso de posições nas “Sete Magníficas”, além de liquidez em níveis historicamente baixos. (Imagem: Adobe Stock)
A pesquisa Global Fund Manager Survey (FMS, na sigla em inglês) de novembro do Bank of America (BofA) mostra intensificação das preocupações com os excessos ligados à inteligência artificial (IA) e à forte concentração em grandes empresas de tecnologia. Segundo o levantamento, 45% dos gestores apontam uma “bolha de IA” — quando ações passam a valer mais pelo entusiasmo do que pelos fundamentos — como o principal risco de cauda, avanço relevante em relação aos 33% de outubro. Além disso, 53% afirmam que as ações ligadas à IA “já estão em uma bolha”, mantendo o indicador acima de 50% pelo segundo mês seguido.
O relatório destaca também que a posição comprada nas “Sete Magníficas” — grupo das big techs que mais movem o mercado americano — voltou ao topo como a negociação mais congestionada, mencionada por 54% dos participantes, superando o ouro, que ocupava a liderança no mês passado. Para o BofA, esse tipo de concentração aumenta a vulnerabilidade a movimentos de correção, caso haja mudança brusca no apetite por risco.
O FMS registra ainda que, pela primeira vez em 20 anos, uma maioria líquida de gestores acredita que as empresas estão fazendo “investimentos em excesso”, reflexo direto da escalada de gastos de capital em IA entre os grandes provedores de computação em larga escala. Apesar disso, não há deterioração generalizada das condições financeiras corporativas, e parte dos investidores ainda defende aumento de investimentos.
Outro sinal de complacência aparece nos níveis de liquidez. Os gestores estão com apenas 3,7% de caixa, patamar que historicamente funciona como “sinal de venda” para ações, segundo as métricas do próprio BofA.
Mesmo com esses alertas, o sentimento macroeconômico melhorou: 53% projetam pouso suave para a economia global nos próximos 12 meses, e as expectativas de crescimento ficaram positivas pela primeira vez em 2025. A confiança no impacto produtivo da IA também segue elevada, com 53% dizendo que os ganhos “já estão acontecendo”.