O cenário para a inflação neste e nos próximos anos continuou a piorar no Boletim Focus após questionamentos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à autonomia do Banco Central, ao nível de juros e à meta inflacionária. Pesam ainda os temores fiscais e a surpresa com o IPCA-15 de janeiro, acima da mediana das estimativas do Projeções Broadcast.
Leia também
A projeção para o IPCA – índice oficial de inflação – deste ano saltou de 5,48% para 5,74%, contra 5,31% há um mês. Para 2024, horizonte que fica cada vez mais relevante para a estratégia de convergência à inflação do BC, a projeção também avançou, de 3,84% para 3,90%, de 3,65% há quatro semanas.
Considerando somente as 106 estimativas atualizadas nos últimos 5 dias úteis, a mediana para 2023 passou de 5,49% para 5,80%. Para 2024, variou de 3,87% para 3,94%, considerando 100 atualizações no período.
Publicidade
Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos
Atualmente, o foco da política monetária está nos anos de 2023 e de 2024. A mediana na Focus para a inflação oficial em 2023 está bem acima do teto da meta (4,75%), apontando para três anos de descumprimento do mandato principal do Banco Central, após 2021 e 2022. Para 2024, a mediana está acima do centro da meta (3,00%), mas ainda dentro do intervalo que vai de 1,50% a 4,50%.
Na Focus, a mediana para o IPCA de 2025 continuou em 3,50%, de 3,25% há um mês. Chama atenção ainda a trajetória de alta do IPCA de 2026, que está bem distante do horizonte relevante considerado pelo BC para a política monetária neste momento. A estimativa passou de 3,47% para 3,50% na última semana, contra 3,15% um mês antes. A meta para 2025 é de 3,00% (margem de 1,50% a 4,50%). Ainda não há objetivo definido para 2026.
No Copom de dezembro, o BC atualizou suas projeções para a inflação com estimativas de 6,0% em 2022, 5,0% em 2023 e 3,0% para 2024. O colegiado manteve a Selic em 13,75% ao ano pela terceira vez seguida.