O índice Dow Jones fechou em alta de 1,14%, aos 45.010,29 pontos. Já o S&P 500 fechou com avanço de 0,78% aos 6.358,91 pontos e o Nasdaq terminou o dia com subida de 0,61%, aos 21.020,02 pontos.
“O acordo representa um ganho mútuo, já que as tarifas americanas sobre produtos japoneses — incluindo automóveis — são de apenas 15%, em comparação com os mais de 25% anunciados anteriormente. Em contrapartida, o Japão se comprometeu a comprar aviões e arroz dos EUA e a estabelecer um fundo soberano de US$ 550 bilhões que investiria nos EUA sob a direção de Trump”, aponta o ING.
Ainda nesta quarta-feira (23), o Financial Times publicou que os EUA e a UE estão próximos de um acordo que pode deixar as tarifas sobre importações europeias em 15%, semelhante ao acerto com o Japão.
Após o fechamento dos mercados em Wall Street, o foco fica sobre os balanços trimestrais de big techs como Alphabet, dona do Google, Tesla e IBM. Suas respectivas ações tiveram baixa de 0,58%, alta de 0,14% e avanço de 0,09%. Já a AT&T teve alta de 1,20%, após a companhia de telecomunicações divulgar seu resultado e ter lucrado mais do que o esperado. A mineradora Freeport-McMoRan revisou para baixo sua previsão anual de lucros e indicou que tarifas podem aumentar os custos no futuro, recuando 2,10%.
O retorno do movimento das chamadas “memestocks” voltou a ganhar destaque nesta sessão, causando grande volatilidade a alguns papéis, com destaque para Kohl’s, GoPro e Krispy Kreme. Uma ação meme é aquela que ganha popularidade entre investidores de varejo por meio da mídia social. Ontem, a varejista Kohl’s foi a escolhida por frequentadores de fóruns e disparou, chegando a subir quase 40%, e sofrendo nesta quarta-feira (23) com uma forte correção, caindo 14,23%. No caminho contrário, a fabricante de câmeras GoPro subiu 12,41%, depois de chegar a disparar 45%. Ainda que mais contido, o movimento afetou também a empresa focada em donuts Krispy Kreme, que avançou 4,60%.
Juros avançam, após quedas consecutivas, com apetite por risco com acordos comerciais
Os juros dos títulos de dívida emitidos pelo governo dos EUA (Treasuries) operaram em alta nesta quarta-feira (23), em um dia que teve como destaque o apetite de risco desencadeado pelo acordo comercial anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com o Japão. A notícia elevou as perspectivas de que a União Europeia (UE) também possa alcançar uma redução tarifária antes do prazo do começo de agosto. Além disso, investidores estiveram atentos a um leilão de T-Bonds de 20 anos durante a tarde.
O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, afirmou que o Japão conseguiu a redução da alíquota por apresentar um “mecanismo inovador de financiamento” que terá como objetivo eliminar riscos na cadeia de oferta dos EUA. Sobre negociações com outros parceiros, o secretário disse ver avanço e alegou que as ameaças de retaliação da UE são apenas “táticas de negociação”.
O secretário do Comércio, Howard Lutnick, também vê a possibilidade de um acordo com os europeus, caso aceitem “produtos e padrões americanos” ao abrirem “completamente” seus mercados, mas ressaltou que será difícil grandes nações conseguirem alíquotas baixas como a do Japão. Já segundo o Financial Times, os EUA e a UE estão próximos de um acordo comercial que pode deixar as tarifas sobre importações europeias em 15%.
A agenda modesta de indicadores trouxe queda nas vendas de moradias dos EUA, medidas pela NAR, de 2,7% em junho ante maio, mais intensa que o esperado pela FactSet.
Dólar cai em reação ao acordo tarifário dos Estados Unidos com o Japão
O dólar hoje firmou queda ante o real nesta tarde, com maior apetite a risco global pela expectativa de que os Estados Unidos fechem mais acordos comerciais, após anúncio de entendimento com o Japão e noticiário sobre conversas com a União Europeia (UE). O fechamento de R$ 5,52 e a mínima intradia, a R$ 5,5161, são os menores níveis vistos para a cotação da moeda americana desde que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, falou em taxar o Brasil.
Após máxima R$ 5,5782 pela manhã, o dólar à vista renovou sucessivas mínimas no início da tarde e encerrou em baixa de 0,79%, a R$ 5,5230, menor fechamento desde 9 de julho de 2025, no dia em que Trump anunciou – após o fechamento dos mercados – que pretende tarifar produtos brasileiros em 50% a partir de 1º de agosto.
O acordo comercial de Washington com a nação asiática “coloca um ânimo para o mercado no sentido de que: se conseguiu negociar com o Japão – que era uma ‘casca grossa’ por conta da indústria automobilística –, os EUA podem vir a negociar com outros países”, avalia o economista Gustavo Rostelato, da Armor Capital.
A desvalorização do dólar ante o real ganhou ainda mais força com o enfraquecimento da moeda ante pares fortes, vide o índice DXY nas mínimas no período da tarde, em decorrência de notícias, como a do Financial Times, de que os EUA e a UE se aproximam de acordo para tarifa de 15% sobre produtos europeus – menor do que o porcentual de 30% informado ao bloco. A secretária de Imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que, após as resoluções com Japão, Indonésia e Filipinas, os EUA ainda têm “muitos acordos comerciais para anunciar”.
“Vemos um aumento no apetite por risco dos investidores estrangeiros, favorecendo o fluxo para moedas emergentes, com o real se beneficiando desse movimento na sessão de hoje, a despeito da incerteza sobre a nossa tarifa ainda prevalecer”, afirma o economista sênior do Inter, André Valério.
A busca por risco é vista pela queda da divisa americana ante moedas emergentes e de exportadoras de commodities, mesmo em dia de baixa do minério de ferro e volatilidade do petróleo. Já o economista-chefe da Ativa, Étore Sanchez, destaca que a semana tem sido de baixa liquidez nos ativos domésticos, com Brasília de férias. Assim, ele considera que a performance do câmbio nesta quarta está mais atrelada a um “processo de acomodação da piora que teve recentemente”, com tarifas.