As bolsas de Nova York fecharam mistas nesta quinta-feira (24), com o S&P 500 e Nasdaq em novos recordes históricos. O Dow Jones destoou e caiu sob o peso do tombo da IBM, que exibiu resultados desafiadores em áreas como as de software, ofuscando o lucro e receita acima do esperado no 2º trimestre. Outros balanços também ditaram a sessão, enquanto as negociações sobre tarifas seguiram no radar.
O índice Dow Jones fechou em baixa de 0,70%, aos 44.693,91 pontos. O S&P 500 fechou com avanço de 0,07% aos 6.363,35 pontos e o Nasdaq terminou o dia com ganho de 0,18%, aos 21.057,96 pontos.
A IBM foi a maior queda porcentual do Dow Jones (-8%). O analista do Morgan Stanley, Erik Woodring, disse que alguns pontos enfraquecem a tese otimista para as ações. A receita orgânica de software cresceu apenas 3,5% no trimestre, no comparativo anual, e precisa acelerar para 7-8% a/a no segundo semestre, com base em bases comparativas mais difíceis, para atender as projeções. O crescimento da consultoria continua desafiador com gastos discricionários fracos e inteligência artificial canibalizando projetos tradicionais. Para completar, o desempenho superior da área de infraestrutura no 2T – embora claramente impressionante – cria uma comparação difícil para 2026.
A Alphabet avançou 1,03% com vendas recordes. Para a Schwab, o desempenho robusto de diversos segmentos de negócios e o compromisso com investimentos em áreas de crescimento futuro, como IA, sugerem uma perspectiva positiva. No entanto, o aumento dos gastos pode levantar questões sobre lucratividade.
Sob impacto do balanço, a Tesla caiu 8,2%, mesmo após post do presidente dos EUA, Donald Trump, defendendo prosperidade. A BofA Securities notou que a empresa enfrenta tempos desafiadores. O CEO Elon Musk indicou que a Tesla “provavelmente poderá ter alguns trimestres difíceis” devido às mudanças de política nos EUA.
Embaladas por resultados acima do esperado, a T-Mobile US subiu 5,8% e a West Pharmaceutical saltou 23%. Os resultados frustraram os investidores da Southwest (-11,2%) e da American Airlines (-9,62%).
O Bank of America subiu 0,52% após o banco elevar dividendo e dar aval a uma operação de recompra de ações.
Dólar avança em meio a negociações no radar e fraqueza do euro
O dólar operou em alta nesta quinta-feira (24), após dados mistos da economia dos EUA e diante das expectativas sobre as negociações de Washington com a União Europeia (UE). A visita do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao Federal Reserve despertava interesse, ainda que sem implicações claras sobre o preço do dólar no dia, já que ocorre à luz da pressão sobre o presidente do BC americano, Jerome Powell.
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O índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes, fechou em alta de 0,17%, a 97,377 pontos.
O euro teve uma fraca reação à esperada manutenção de juros pelo Banco Central Europeu (BCE). A moeda, contudo, foi prejudicada por comentários da presidente do BCE, Christine Lagarde, que disse que os riscos econômicos para a zona do euro tendem a ser negativos e um euro mais forte pode reduzir a inflação mais do que o esperado.
O ING avalia que o BC da zona do euro pode realizar um “corte final” nos juros na reunião de setembro. A BofA Securities também vê alívio em setembro. “Acreditamos que, até lá, será mais difícil (para o BCE) afirmar que está em uma boa posição”, salientam analistas do banco. A moeda também seguiu fraca mesmo após o avanço do índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) composto da zona do euro.
O dólar recebeu o suporte do PMI composto americano, que pintou um quadro relativamente animador do crescimento da atividade e do mercado de trabalho no início do terceiro trimestre, segundo a Pantheon Economics. Mas o enfraquecimento do PMI industrial limitou o impacto PMI composto.
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A lira turca caiu à mínima em quatro meses frente ao dólar americano após o Banco Central da Turquia reduzir a taxa básica de juros. O dólar subia a 40,4745 liras, em comparação com 40,4676 liras antes da decisão.
Juros sobem com indicadores dos EUA e cenário comercial no radar
Os juros dos Treasuries operaram em alta hoje, subindo pela segunda sessão consecutiva, acompanhando a divulgação de indicadores da economia americana e seu potencial impacto para a postura do Federal Reserve (Fed). Além disso, o ambiente que vem sugerindo que as negociações comerciais entre Estados Unidos e parceiros podem alcançar acordos favorece o apetite por ativos de risco.
Os pedidos de auxílio-desemprego caíram 4 mil na semana passada, a 217 mil. O resultado veio abaixo da previsão de analistas consultados pela FactSet, de 227 mil solicitações. Os dados do mercado de trabalho dos EUA sustentam a manutenção prolongada dos juros do Fed e intensificam a liquidação dos Treasuries, levando os rendimentos a subir. As demissões permanecem contidas, eliminando um possível motivo para o Fed cortar as taxas. Trump, no entanto, continua defendendo uma flexibilização monetária rápida, levando os mercados a suspeitar de uma postura mais dovish.
A Oxford Economics espera que o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) mantenha a meta para a taxa básica de juros inalterada na próxima semana e evite sinalizar um viés de corte na reunião de setembro, já que o Fed deseja manter suas opções em aberto. “Pode haver uma mudança de postura dovish na avaliação do Fed sobre os riscos para o mercado de trabalho, dada a baixa taxa de contratação, o aumento de demissões permanentes e o viés de superestimação das estimativas iniciais de emprego não agrícola. Uma avaliação cautelosa do mercado de trabalho seria um esforço para apaziguar os membros dovish do comitê”, afirma a consultoria.
“É provável que dois diretores do Fed discordem, o que corresponderia ao maior número desde 1993. Dissidências entre integrantes do FOMC falam mais alto do que as de presidentes regionais do Fed, mas isso nem sempre prenuncia a próxima ação do banco central”, sugere. “O impacto das tarifas sobre a inflação e a saúde do mercado de trabalho determinará quando o Fed cortará as taxas de juros. Nossa previsão de longa data é de que isso ocorra em dezembro”, conclui a consultoria.