Mais da metade dos brasileiros quer se aposentar antes dos 60 anos, mas poucos acreditam que conseguirão até lá, de acordo com pesquisa encomendada ao Datafolha pela Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi). Além disso, boa parte das pessoas espera contar com o INSS como fonte de renda após parar de trabalhar, embora a busca por outras fontes tenha crescido.
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Ao todo, 54,4% dos brasileiros esperam deixar de trabalhar até os 60 anos, aponta o levantamento. Em edição realizada em 2021, esse grupo totalizava 53,2% das pessoas. Por outro lado, a quantidade de pessoas que acredita que conseguirá se aposentar até os 60 anos é menor: 29%, contra 27,8% há três anos.
Maior é a parcela da população que espera contar com os benefícios do INSS como fonte de renda ao se aposentar, e que soma 36,6%. No entanto, desde 2021, aumentou de 22% para 27,7% a quantidade de pessoas que pretende formar uma reserva financeira própria, e saiu de 7,2% para 12,9% o grupo que confiará em planos de previdência privada. Ao todo, 85% da população desconhece o teto dos benefícios do INSS, de R$ 7.786 mensais.
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O presidente da Fenaprevi, Edson Franco, afirma que os números mostram que a população conhece mais a previdência privada, ainda que essa parcela seja relativamente pequena. Ele também destaca que os produtos deixaram de ser vistos como exclusivos para classes mais altas. “Hoje, a distribuição é de 50% nas classes A e B, e de 50% nas classes C, D e E, com uma concentração na classe C”, diz.
O executivo considera que três eventos dos últimos anos ajudaram a tornar o setor e os produtos mais conhecidos: a reforma da Previdência de 2019, a pandemia da covid-19, em 2020 e 2021, e em menor escala, as enchentes que atingiram o Estado do Rio Grande do Sul em maio deste ano.
Nos oito primeiros meses deste ano, o setor de previdência privada acumulou arrecadação de R$ 130,8 bilhões, crescimento de 17,9% em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com a Fenaprevi. O aumento do emprego e da renda impulsionou os números e deve continuar sendo preponderante, mas Franco afirma que a maior conscientização também deve ajudar a manter o crescimento do setor.
Ele menciona um dos questionamentos qualitativos da pesquisa, sobre confiança dos brasileiros na situação financeira no futuro. “Aqueles que têm seguro manifestam um sentimento de muito mais confiança no futuro e de mais segurança e preparação para lidar com imprevistos”, diz.
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A pesquisa também mostra que há uma presença maior de pessoas idosas no cotidiano dos lares, o que tem efeitos econômicos. Há idosos em 39% dos domicílios, e cerca de um terço deles demanda cuidados especiais. Neste caso, 94% são cuidados pelo entrevistado ou por familiares.
“Com o aumento da longevidade e o envelhecimento da população, que já está acontecendo, esse tema vai ficar cada vez mais presente”, afirma o presidente da Fenaprevi.
Apostas
Com o debate sobre os gastos com apostas, a pesquisa inclui uma pergunta sobre o tema, e detectou que 21% dos brasileiros participam de jogos de azar ou apostas online. Quando incluídos outros tipos de jogos, o porcentual sobe para 25% da população.
Franco afirma que estimativas de mercado apontam que o mercado de apostas online passa de R$ 200 bilhões anuais no Brasil, valor maior que a soma dos mercados de seguro de vida e de automóvel, hoje na casa dos R$ 130 bilhões. “Tem um elemento de planejamento que claramente depende de um nível melhor de educação financeira das pessoas”, diz ele.
A pesquisa do Datafolha teve uma etapa qualitativa e outra quantitativa. Ambas foram realizadas em setembro deste ano, e o total de participantes foi de 1.929. A margem de erro é de 2 pontos porcentuais para mais ou para menos.
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