O BTG Pactual (BPAC11) manteve a Azul (AZUL4) como Top Pick no setor de aviação, apesar das recentes baixas nos papéis da empresa, que caíram 11% desde o dia 27 de março, véspera da divulgação do balanço do quarto trimestre, até a última terça-feira (2). Em relatório aos clientes, os analistas Lucas Marquiori, Fernanda Recchia e Marcelo Arazi destacam que o mercado permanece “muito cético” quanto ao desempenho operacional da Azul pós-covid, deixando espaço para surpresas positivas nos lucros.
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Dentre os argumentos que justificam a baixa das ações, o BTG chama atenção para a frustração de parte dos investidores com relação às projeções anunciadas pela companhia. Quase todos esperavam uma alteração do guidance (projeção), mas uma parte mais otimista acreditava que os números seriam mais altos.
O banco pondera que é improvável que a empresa anuncie uma nova revisão acentuada de uma só vez. Se houver updates no guidance atual, eles provavelmente serão feitos em meados do ano. “Isto também é institucionalmente sensato, dadas as discussões atuais com o governo”, afirmou o banco no documento, se referindo às discussões sobre um potencial pacote de ajuda federal.
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Para o banco, é um erro desconsiderar os impactos positivos de uma linha de crédito mais barata e a provável economia de dinheiro que isso traria em termos de despesas financeiras para a Azul, caso esse socorro seja aprovado.
Outro motivo para a queda do papel seria o temor do mercado com a provável diluição patrimonial dos investidores em decorrência da reestruturação da dívida assinada durante o cenário de pandemia. O BTG argumenta que, se a negociação do preço das ações preferenciais da Azul cair abaixo de R$ 36 (valor que foi considerado na negociação com arrendadores e outros parceiros) a qualquer momento, a empresa poderá compensar a diferença emitindo ações preferenciais adicionais, completando uma liquidação em dinheiro ou emissão de novos instrumentos de dívida. “Este processo de conversão tem um longo cronograma e acreditamos que a lacuna ao preço de exercício deve diminuir gradualmente à medida que a empresa cumpre sua melhoria de performance operacional”, afirmam os analistas.
O banco também pontua a leitura comparada dos resultados do quarto trimestre de 2023 com os da Gol (GOLL4). Essa análise frustrou alguns investidores que esperavam que os pares da companhia que está em recuperação judicial capturassem uma maior participação de mercado. “A sazonalidade positiva do quarto trimestre e o cenário favorável da indústria ajudaram a Gol a reportar resultados sólidos, que foi o mesmo fator visto nos resultados da Azul. Nós apenas achamos que o mercado não conseguiu prever tal tendência de lucros nos números da Gol”, explicou o BTG no relatório.
A alta do câmbio e do petróleo também foi mencionada pelo banco no documento como uma das possíveis razões para a queda dos papéis da Azul.
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No entanto, o BTG afirmou que, ainda assim, vê “espaço positivo” para a empresa alcançar seu guidance se o setor mantiver a seu impulso atual. “Mais importante ainda, os custos cambiais e do petróleo são desafios que abrangem todo o setor, mas a Azul tem um posicionamento de produto sólido que lhe permite repassar as pressões de custos para os preços finais com mais rapidez do que a média do setor”, adicionaram os analistas.
Por último, os resultados do quarto trimestre da Azul mostraram que o aumento nas despesas operacionais contribuiu para um desempenho mais fraco do Ebitda ( lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) em relação ao trimestre anterior, apesar de ser um período tradicionalmente robusto devido a fatores sazonais favoráveis. Mas o banco espera que essas despesas maiores tenham reflexos positivos nos trimestres futuros.
O BTG reitera a recomendação de compra para as ações da aérea, e fixa o preço-alvo para as ações de R$ 33,00, o que representa um potencial de valorização de 154,44% sobre o fechamento da última terça-feira (2).