Warren Buffett não sabe dizer exatamente quando decidiu passar o comando da Berkshire Hathaway para Greg Abel. Mas, nos últimos anos, percebeu o quanto de energia seu sucessor colocava em cada dia de trabalho e como o próprio ritmo havia desacelerado. Os dois operavam em velocidades diferentes e essa diferença só aumentava.
“Não houve um momento mágico”, disse Buffett, hoje com 94 anos, ao Wall Street Journal. “Como você sabe o dia em que fica velho?”. Ele começou a perder o equilíbrio ocasionalmente e, às vezes, esquecia nomes. No último ano, esses sinais consolidaram uma decisão. Em 3 de maio, durante a reunião anual da Berkshire, Buffett surpreendeu o mundo dos investimentos ao anunciar que deixará o cargo de CEO em dezembro, abrindo espaço para Abel. Ele continuará como presidente do conselho, sem prazo para deixar essa função.
Abel, de 62 anos, entrou na Berkshire em 1999, com o investimento na MidAmerican Energy, de Iowa. Impressionado com os resultados dele no setor, Buffett o promoveu a vice-presidente em 2018, colocando-o à frente das operações não ligadas a seguros. Em 2021, foi oficialmente escolhido como sucessor.
“Talento de verdade é raro”, disse Buffett. “É raro nos negócios. É raro em alocação de capital. É raro em quase toda atividade humana.” Segundo ele, a diferença no nível de energia e no quanto cada um conseguia realizar num dia de 10 horas ficou cada vez mais clara.
Poucos esperavam ouvir isso em 2025. Muitos achavam que Buffett só deixaria o cargo com a morte. Mas ele afirma que nunca se viu como CEO vitalício. “Achei que permaneceria no cargo enquanto fosse mais útil do que qualquer outro. E me surpreendeu quanto tempo isso durou.”
Mesmo saindo da função de CEO, Buffett pretende continuar trabalhando.
Ele assumiu o controle da Berkshire aos 34 anos, em 1965. Com o tempo, transformou uma fábrica têxtil em dificuldades em um império. A empresa opera seguradoras, energia, ferrovia e marcas como Dairy Queen e Duracell, além de ter ações da Apple e da American Express.