

O empresário Michael Klein, filho do fundador da Casas Bahia (BHIA3) Samuel Klein, quer voltar ao comando do conselho da rede de varejo, cinco anos depois de ter saído, em abril de 2020. Na época, o grupo ainda se chamava Via Varejo. Por trás da estratégia, o objetivo descrito por Klein é a “retomada da rota de crescimento” do grupo, que precisou renegociar dívidas com credores recentemente.
Na B3, a proposta de Klein agradou investidores e a ação da Casas Bahia chegou a subir mais de 5% na tarde desta terça-feira (1º), uma das maiores altas do dia. Fechou cotada a R$ 9,30, alta de 3,46%. Em 2025, o papel da varejista dispara 225%.
Para tentar voltar ao conselho, Klein se aliou a um grupo de investidores – CB Autos Participações e Twinsf Fundo de Investimento Multimercado Crédito Privado – e por meio de compras de ações da Casas Bahia no mercado, chegou a 9,5% do capital da rede de varejo. Com isso, resolveu convocar uma assembleia extraordinária de acionistas para propor mudanças no conselho de administração.
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Nas mudanças propostas, Klein se torna o presidente (chairman) do conselho e ainda coloca um membro independente, o executivo Luiz Nannini. São dois nomes com uma “trajetória de sucesso que se confunde com a própria história da companhia”, afirma a carta enviada aos acionistas pelo empresário. Para a entrada de Nannini, sairia Rogério Calderón, ex-diretor do Itaú Para a chegada de Klein, sai Renato Carvalho.
Conversas com outros acionistas da Casas Bahia
Além de se unir a investidores, Klein tem mantido conversas com outros acionistas da Casas Bahia em busca de apoio, de acordo com fontes. No documento enviado a eles, a indicação é de que as mudanças propostas no conselho “abrirão espaço para que sejam dadas novas, relevantes e valiosas contribuições para o planejamento estratégico da companhia, em busca da retomada da rota de crescimento de seus negócios e geração de valor aos seus acionistas”.
Klein deixou o conselho da então Via Varejo em abril de 2020. Foi substituído por seu filho Raphael Klein na presidência do colegiado. Na época, o empresário ressaltou que foi sua a decisão deixar o conselho. Em sua volta proposta agora, justifica que vai evitar causar “movimentos disruptivos”, pois quer a “continuidade do trabalho desenvolvido nos últimos meses” e ressalta ainda que já esteve no comando da varejista em “diversos momentos desafiadores e de resultados positivos ao longo dos anos”.
Em nota à imprensa, a Casas Bahia ressalta que o comunicado de hoje com a proposta de Klein “se trata de um tema relacionado à composição do Conselho de Administração, prerrogativa dos acionistas, conforme previsto na legislação e nas melhores práticas de governança corporativa”. “O assunto não tem qualquer impacto na gestão executiva ou na condução do Plano de Transformação da Companhia, que segue em plena execução, com foco em disciplina financeira, eficiência operacional e crescimento sustentável.”
Pílula de veneno
A estratégia de Klein vem poucos dias depois de a companhia propor mudar o estatuto para se defender de ofertas “hostis e oportunistas”, incluindo a cláusula de “poison pill” – ou pílula de veneno – que obriga o investidor que atingir determinado patamar, no caso da varejista 20% do capital, a fazer uma oferta pública para todos os outros acionistas, um movimento que outras companhias de capital aberto também têm buscado. A Casas Bahia é uma ‘corporation”, ou seja, tem capital disperso, sem a figura de um controlador.
A proposta de mudança do estatuto veio pouco depois de o investidor Rafael Ferri atingir uma participação de cerca de 5% na varejista. A assembleia está marcada para o dia 30 de abril. Já a assembleia proposta por Klein ainda não tem data marcada. A Casas Bahia diz que o “requerimento se encontra em análise pelos seus órgãos competentes e, uma vez cumpridos os requisitos aplicáveis, a companhia convocará a AGE, dentro do prazo legal.”
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