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China anuncia medidas para bancos e setor imobiliário para estimular economia

As novas políticas foram divulgadas pelo banco central chinês nesta quarta-feira (24)

China anuncia medidas para bancos e setor imobiliário para estimular economia
Foto: Freepik

O Banco do Povo da China (PBoC, o banco central chinês) anunciou nesta quarta-feira (24) que vai reduzir o montante que os bancos do país devem manter como reservas, como parte de uma série de medidas para apoiar a economia em desaceleração.

O presidente do PBoC, Pan Gongsheng, disse que a exigência de reserva de depósitos seria reduzida em 0,5 ponto porcentual a partir de 5 de fevereiro. Pan disse que isso injetaria cerca de 1 trilhão de yuans (US$ 141 bilhões) na economia. Em dezembro, o índice de exigência de reserva era de 7,4%.

Gongsheng disse ainda que o PBoC pretende anunciar em breve novas políticas relacionadas a empréstimos para ajudar a indústria imobiliária, que há anos enfrenta sérias dificuldades.

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A economia da China está se recuperando, disse ele, o que permite um amplo espaço para esse tipo de manobras. “No momento, os riscos financeiros do nosso país são, em geral, controláveis, as operações gerais das instituições financeiras são sólidas e os mercados financeiros estão operando sem problemas”, disse Pan, segundo o site do governo China.com.

A economia expandiu-se a um ritmo anual de 5,2% no trimestre de outubro a dezembro, permitindo que o governo atingisse sua meta de crescimento anual de cerca de 5% para 2023. Mas a recuperação continua desigual, e a maioria das previsões diz que a economia crescerá mais lentamente em 2024.

O ritmo lento da recuperação, depois que a China abandonou as rigorosas restrições por conta da Covid-19, no final de 2022, aumentou as dúvidas em relação à crise no antes pujante mercado imobiliário, depois que dezenas de incorporadoras deixaram de pagar empréstimos bancários. Isso deixou no limbo muitas famílias chinesas que haviam investido as economias de suas vidas em casas que acabaram não sendo construídas.

Houve alguns sinais de melhora: na semana passada, o governo retomou seus relatórios sobre a taxa de desemprego entre os jovens, que atingiu o recorde de 21,3% em junho. De acordo com uma metodologia revisada, a última taxa de desemprego entre os jovens foi de 15%. O desemprego geral ficou em 5,1%.

Muitos jovens também ficaram sem trabalho depois que o governo reprimiu as empresas de tecnologia, que tendiam a contratar trabalhadores mais jovens. Mais recentemente, as medidas para impor mais controles sobre os jogos online estimularam a venda maciça de ações de empresas de jogos, levando as autoridades a aparentemente recuar nesse plano.

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O Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e outros grandes bancos centrais globais aumentaram as taxas de juros e buscaram outras maneiras de elevar o custo dos empréstimos para ajudar a conter a inflação, que atingiu o pico de 9,1% em meados de 2022 nos Estados Unidos. Agora, esses bancos centrais estão flexibilizando suas políticas monetárias, à medida que as pressões sobre os preços diminuem.

Na China, os órgãos reguladores enfrentam um outro problema: o risco de que a demanda fraca faça com que os preços caiam em espiral, desestimulando o investimento e prejudicando o crescimento. As medidas tomadas pelo PBoC nesta semana facilitarão o crédito e injetarão dinheiro na economia para tentar estimular as empresas e os consumidores a começarem a gastar mais.

O banco central reduziu a exigência de reserva duas vezes em 2023, em 0,25 ponto porcentual cada vez. Uma das principais ferramentas de política para controlar a quantidade de dinheiro que circula na economia, ela atingiu um pico de mais de 20% em 2011 e está em seu nível mais baixo desde o início dos anos 2000.

“As autoridades provavelmente lançarão mais medidas para estabilizar o sentimento do mercado, como a mobilização de recursos estatais para apoiar o mercado de ações”, disse Raymond Yeung, do ANZ, em um relatório. “As autoridades estão claramente preocupadas com o sentimento do mercado.”

Ele observou também que o banco central também está agindo para evitar um enfraquecimento da moeda chinesa, o yuan. Gongsheng disse a repórteres em Pequim que o PBoC garantiria que o valor do yuan permanecesse estável.

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Como muitos outros analistas, Yeung disse que as últimas medidas podem não ser suficientes para tranquilizar totalmente os investidores e que é preciso fazer mais para promover reformas mais amplas.

“Isso requer algumas medidas estruturais para aumentar a confiança do setor privado e as perspectivas de longo prazo do setor imobiliário”, disse. “As medidas anunciadas até agora não parecem suficientes.”