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Cielo (CIEL3) recebe aval e vai sair da Bolsa; como ficam os investidores?

Após meses de impasses, a conversão do registro da companhia e saída do Novo Mercado foram aprovadas

Cielo (CIEL3) recebe aval e vai sair da Bolsa; como ficam os investidores?
Cielo. (Foto: Gabriela Biló/ Estadão)

A  Cielo (CIEL3anunciou, na quinta-feira (18), que membros independentes do Conselho de Administração (CA) aprovaram, por unanimidade, um parecer favorável à aceitação da oferta pública unificada de aquisição de ações (OPA) ordinárias para conversão do registro de companhia aberta da categoria “A” para “B” e saída do Novo Mercado. A operação será realizada em 14 de agosto e será conduzida por Quixaba, BB Elo Cartões, Elo Participações, Alelo e Livelo.

A oferta terá por objeto 902.247.285 ações ordinárias de emissão da companhia, oferecidas inicialmente pelo preço à vista de R$ 5,60 por ação. O valor, contudo, foi ajustado nos termos do edital, incluindo Certificado de Depósito Interbancário (CDI) especificado até o dia do leilão, informou a Cielo por fato relevante.

O resolução ocorre após o Bradesco (BBDC4) e Banco do Brasil (BBAS3), os controladores da empresa, anunciarem a intenção de fazer a OPA da Cielo, em 07 de fevereiro. De lá para cá, o período foi marcado por uma discussão acirrada entre bancos, gestoras e investidores sobre qual seria o preço justo dos papéis na operação.

Contexto da briga pelas ações da Cielo

Nesta reportagem, o E-Investidor contou sobre a suspensão do registro da OPA, quando um grupo de gestoras se posicionou contra o preço de R$ 5,35 por ação oferecido por Bradesco e BB para fechar o capital da companhia.

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Na época, o BB não se agradava com o preço oferecido na OPA. “O BB reconhece o direito de questionamentos dos acionistas minoritários da Cielo, mas ressalta que a metodologia e cálculos de preços aplicados estão todos corretos, sem apresentar nenhum tipo de falha ou imprecisão. Diante disso, o BB não vê razão para alterar o valor da oferta”, diz o banco em nota. Já o Bradesco se animava com a proposta.

Já no início de abril, mostramos nesta reportagem como parte desse grupo pegou o mercado de surpresa ao mudar de posição horas antes da Assembleia Especial de Acionistas (AEA) marcada para votar a realização de um novo laudo de avaliação da Cielo. Parte do grupo de minoritários que questionou o método de avaliação da companhia mudou de opinião e disse que iria apoiar a OPA a R$ 5,60.

Como ficam os investidores?

Os novos acontecimentos envolvendo a OPA da Cielo acenderam um sinal de alerta entre os investidores não só pelo timing – logo antes da AEA e mais de um mês depois que o registro da OPA foi suspenso na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) após questionamentos –, mas também pelo preço aceito. Os R$ 5,60 por ação são cerca de 40% abaixo do que aqueles R$ 8,61 que as gestoras pleiteavam inicialmente.

“A decisão não tem pé nem cabeça e que não defende os interesses dos investidores deles”, diz Hugo Queiroz, sócio da L4 Capital. “Não foi porque acharam que a OPA poderia não sair, porque eles tinham 15% de capital para barrar, se quisessem. Houve alguma pressão”.

Em fevereiro, a L4 produziu um laudo de avaliação independente da Cielo em que colocou que o valor justo por ação na OPA seria de R$ 7,81. Na visão de Queiroz, o grupo minoritário não está defendendo os interesses de seus investidores, que seria receber um preço mais elevado pela CIEL3, mas sim optando por um caminho para encerrar de vez a discussão em torno do fechamento de capital.

O E-Investidor conversou com acionistas que estavam presentes nas AEs, os quais apontaram problemas na condução do processo. Os relatos mostram um descontentamento com a falta de transparência dos bancos e gestoras, com o preço de R$ 5,60, com a falta de um laudo independente.

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“Dava para ter tentado brigar um pouco mais por um laudo que trouxesse algo mais equilibrado em relação a essa oferta de preço”, diz Valter Bianchi Filho, sócio-fundador e diretor de investimentos da Fundamenta Investimentos, gestora com R$ 1 bilhão em ativos sob gestão.

“Os bancos fazem um fechamento de capital sem um laudo independente para definir o preço. Na sequência, vemos as gestoras mudando posição, o que evidencia a pressão e um conflito de interesses. Ou seja, o que pesa é que, independentemente do valor, a operação foi conduzida para lesar o minoritário”, elenca um acionista com 15 milhões de ações da Cielo.”

*Com informações do Broascast