A ata do Comitê de Política Monetária (Copom) de setembro reforça a percepção de que o colegiado busca comunicar que encerrou o ciclo de aumento dos juros, mas mantém uma postura vigilante. A avaliação é do economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, para quem o texto repetiu o tom hawkish adotado no comunicado da última quarta-feira, 21.
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“A ata consolida a mudança de estratégia do BC, que antes era de ‘vou subir o juro até levar a inflação para a meta’, para ‘vou manter o juro alto por mais tempo’ agora”, diz Borsoi. “Fecha bem a mensagem de um fim de ciclo hawkish, com a estratégia de apagar da curva de juros as apostas em cortes da taxa Selic no início de 2023.”
Para o economista, os destaques do texto ficaram com os parágrafos 9 e 11. No primeiro, o Banco Central (BC) reconhece um risco de hiato mais fechado e menciona seus efeitos nas projeções para o IPCA de 2023 (4,6% para 4,9%) e 2024 (2,8% para 3,0%). No segundo, o Copom cita risco de uma desinflação mais lenta de serviços devido às surpresas para cima com a atividade.
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A combinação desses fatores sugere que a velocidade da desinflação de serviços pode ser o determinante para que o BC volte ou não a elevar os juros, de acordo com Borsoi. “A comunicação do Copom é de que ele vai esperar para ver o que acontece e que voltar a subir a Selic ou não vai depender da inflação de serviços”, afirma o economista.
Hoje, o Copom reiterou que “não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado.” Após a leitura da Ata, Borsoi manteve a expectativa de Selic estava em 13,75% até julho do ano que vem, quando o BC deve iniciar o ciclo de cortes. O economista espera queda da taxa a 11,5% no fim de 2023.