

O Itaú BBA revisou suas estimativas de cotação do dólar de R$ 5,90 para R$ 5,75 para o fim de 2025, mostra relatório enviado à imprensa nesta segunda-feira (17). A expectativa para um dólar mais fraco acontece em meio ao atual cenário macroeconômico e geopolítico, com o presidente dos EUA, Donald Trump, impondo tarifas contra diversos países do mundo.
O analista afirma que a percepção de que o crescimento econômico dos EUA continuará superior ao das demais economias arrefeceu. Eles pontuam também que há um considerável aumento da incerteza devido principalmente a forma, intensidade e velocidade de implementação das políticas tarifárias, fiscais e migratórias do governo Trump, que, conjuntamente com dados mais fracos do início do ano. Tudo isso implicou em uma revisão baixista para o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA, que foi de crescimento de 2,5% para 2%.
“Essa mudança de cenário levou a um enfraquecimento do dólar, mas acreditamos que o risco inflacionário vindo das tarifas e a estabilização do crescimento americano devem limitar uma continuação desse movimento. Incorporamos o impacto de tarifas recíprocas no nosso cenário base, aumentando a projeção de inflação nos EUA, medida pelo Consumer Price Index (CPI), de 3% para 3,3%”, diz Mario Mesquita, que assina o relatório do Itaú BBA.
Mesmo com essa inflação mais elevada puxada pelas tarifas de Trump, o especialista não alterou sua estimativa para a taxa básica de juros dos EUA, definida pelo banco central americano, o Federal Reserve (Fed). A expectativa do Itaú BBA é que o Fed Funds, como são chamados os juros básicos dos EUA, fique em 4,4% na faixa média do intervalo.
O dólar cai no Brasil com Selic elevada?
Para o Brasil, Mesquita estima um crescimento de 2,2% da economia com a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), em 5,7%. E a taxa básica de juros da economia, a Selic, deve encerrar 2025 cotada a 15,25% ao ano. Mesmo com a inflação acelerada e os juros elevados, o especialista comenta que o pior cenário da América Latina deve ficar com o México.
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A redução na projeção do crescimento da economia americana somada à elevada incerteza política nos EUA levou o especialista a ajustar para baixo, pelo segundo mês consecutivo, a previsão de crescimento do PIB do México para 2025 — desta vez, para 0,0%. “Essa revisão reflete um desempenho esperado mais fraco nas exportações de manufaturados e serviços, como fretes e comércio atacadista. O mercado de trabalho, ainda resiliente, segue sustentando o consumo privado, atenuando uma desaceleração mais acentuada da economia”, disse Mesquita.
Ou seja, de todos os países, o México é o que tende a ser fortemente atingido pela política econômica de Donald Trump. No Brasil, as questões internas, como a inflação e a política monetária, devem ditar o ritmo. No meio desse processo, o especialista reforça que a cotação do dólar deve enfraquecer em todo mundo, por isso, ele mudou sua estimativa para a moeda de R$ 5,90 para R$ 5,75.