O Digio, banco digital controlado pelo Bradesco (BBDC4), lançou neste mês um cartão de crédito voltado a clientes de alta renda e a antecipação do saque-aniversário do FGTS para o público em geral. Os dois produtos são parte da estratégia do neobanco de aumentar a rentabilidade da base de clientes, em um contexto em que tanto bancos tradicionais quanto os digitais se veem às voltas com a alta dos juros e da inadimplência entre clientes pessoas físicas.
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“Os dois produtos vão com a estratégia de rentabilização do portfólio”, disse o diretor-executivo do Digio, Marcelo Scarpa, ao Broadcast. Os acenos são para públicos diferentes: o cartão, chamado Digio One, é destinado, por enquanto, aos clientes do banco, e os recortes são feitos de acordo com o padrão de gastos. O saque-aniversário, por sua vez, tem sido popular entre brasileiros que não tinham crédito junto a instituições financeiras, mas que têm conta no Fundo.
No caso do cartão, há uma anuidade de R$ 44,90 ao mês, com isenção em meses em que o cliente gastar R$ 4.000 ou mais no cartão, e a cobrança de apenas metade do valor com faturas entre R$ 2.000 e R$ 4.000. Em troca, o cliente recebe benefícios típicos de cartões de alta renda, como o concierge e seguros para viagens internacionais.
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O novo cartão é emitido com bandeira Visa Signature, que está um degrau acima da tradicional Visa Platinum. “Não conseguimos precisar se o cliente tem mais cartões, mas acredito que centraliza o uso no Digio”, diz Scarpa. “São gastos maiores, uma recorrência maior.”
No saque-aniversário, a aposta do banco é no crédito com garantias, que reduz o risco da carteira. O Digio já realiza esses empréstimos para os clientes e em acordos de distribuição, como o que tem com o PicPay. Agora, vai permitir que qualquer pessoa faça o adiantamento. A taxa é de 1,99% ao mês.
Scarpa afirma que neste ano, o Digio quer redistribuir os pesos da carteira de crédito para dar maior importância a linhas garantidas. “Entendemos que faz sentido: estamos com um produto bastante robusto e com o antifraude bem alinhado para lançar no mar aberto”, pontua.
Em meio às sinalizações de contrariedade do Ministério do Trabalho com o saque-aniversário do FGTS, o diretor-executivo do neobanco afirma que as discussões com o governo estão sendo encabeçadas pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban). “Acreditamos na permanência desse produto até pela importância. O engajamento, não só no Digio, mas no mercado inteiro, foi grande.”
Crescimento
No ano passado, a carteira de crédito do Digio cresceu 26%, para R$ 3,5 bilhões, enquanto as receitas totais chegaram a R$ 288 milhões, alta de 24%. O Digio tinha 5,1 milhões de contas, volume 45% maior que o de dezembro de 2021. Ao contrário de outros bancos digitais, na instituição, o cliente só pode abrir a conta depois de ter um pedido de cartão de crédito aprovado.
Os dois novos produtos e o amadurecimento de outros, como o empréstimo para motoristas parceiros do Uber, devem levar a um crescimento de carteira ainda maior este ano. Scarpa destaca que o Digio nunca foi um banco de crescimento exponencial, preferindo equilibrar expansão e rentabilidade. Essa continua a ser a palavra de ordem neste ano.
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Por outro lado, o banco vê com algum otimismo o cenário para este ano. O Digio apertou as concessões de crédito no começo do ano passado, ao perceber a piora das condições de pagamento, com a inflação e os juros em alta. Esse aperto trouxe resultados, e a instituição vê espaço para recalibrar o apetite de risco ainda em 2023.
“Acredito que a partir do segundo semestre teremos uma melhora. Com toda a questão de equilíbrio fiscal, taxa de juros, acredito que a liberação de crédito se torna consequência”, afirma o diretor-executivo.