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Dólar acompanha exterior e tem queda com Ucrânia, commodities no radar

O dólar já havia registrado perdas generalizadas ontem, quando conversas em Istambul geraram promessas russas

REUTERS/Rick Wilking

O dólar era negociado em leve queda contra o real logo após a abertura desta quarta-feira, acompanhando a fraqueza da moeda no exterior conforme investidores digeriam sinalizações de progresso nas negociações de paz entre Rússia e Ucrânia.

Às 10:23 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,24%, a 4,7458 reais na venda.

Na B3, às 10:23 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,33%, a 4,7475 reais.

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Ariane Benedito, economista da CM Capital, disse à Reuters que esse comportamento estava em linha com a fraqueza internacional do dólar, cujo índice frente a uma cesta de rivais fortes caía 0,44% nesta manhã. A divisa norte-americana também perdia terreno contra moedas consideradas arriscadas, como rand sul-africano, peso mexicano e dólar neozelandês.

Ela afirmou, no entanto, que há possibilidade de haver volatilidade ao longo da sessão, devido à agenda carregada de indicadores. Nesta manhã, foram divulgados dados sobre o emprego e o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos e preços ao produtor no Brasil. Investidores ainda aguardam a divulgação de dados fiscais domésticos mais tarde no dia.

O dólar já havia registrado perdas generalizadas na véspera, quando conversas em Istambul geraram promessas russas de redução de suas operações militares em torno de Kiev e da cidade de Chernihiv, enquanto a Ucrânia propôs um status de neutralidade que poderia ser um passo em direção a cessar-fogo.

No entanto, “parece que sempre começamos o dia muito otimistas e terminamos o dia sem resolução concreta” do conflito, disse Benedito. “Passa-se a duvidar de avanços no curto prazo; o mercado aguarda ansioso um desenrolar mais otimista, mas, como o histórico não é esse, ele volta para a precificação de alta dos preços do petróleo e de commodities agrícolas.”

Isso por sua vez, tem beneficiado o real e outras moedas de países emergentes exportadores de commodities desde o início da guerra, conforme investidores estrangeiros buscam alternativas para a compra de produtos cuja oferta tende a ser interrompida pelos desdobramentos na Ucrânia. A América Latina é considerada especialmente atraente, por ser região menos vulnerável à tensão geopolítica.

Nesta quarta-feira, os contratos futuros do petróleo subiam mais de 2%, enquanto os preços de commodities como milho e soja também apresentavam ganhos.

Além de ter aproveitado a disparada dos custos de insumos básicos, o real tem sido beneficiado por um prêmio de risco mais atraente –com a taxa Selic agora em 11,75%–, surpresas positivas em dados fiscais recentes e bom desempenho de empresas locais. “Tudo isso fortalece o real e abre espaço para termos uma taxa de câmbio ainda menor”, disse Benedito, que enxerga os 4,50 por dólar como possível resistência para a moeda brasileira.

Ela disse enxergar riscos –ainda que pouco prováveis– para a recente tendência de apreciação do real, que poderia ser interrompida no caso de piora muito significativa nas tensões geopolíticas ou de maior agressividade do que o esperado do banco central dos Estados Unidos, o Federal Reserve, em seu ciclo de aperto monetário.

Até agora no ano, o dólar cai quase 15% frente ao real, que é líder de desempenho global no período.

A moeda negociada no mercado interbancário fechou a última sessão em queda de 0,30%, a 4,7573 reais na venda.