O dólar avançava contra o real nesta sexta-feira (24), acompanhando a valorização internacional da divisa norte-americana, considerada segura, em meio a temores sobre a incorporadora chinesa Evergrande e expectativa de redução de estímulos pelo Federal Reserve em breve.
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Enquanto isso, os investidores avaliavam as perspectivas para a política monetária brasileira à medida que digeriam dados de inflação mais fortes do que o esperado para setembro.
Às 10h22, o dólar avançava 0,63%, a 5,3428 reais na venda, após tocar 5,3540 no pico do dia (+0,84%), enquanto o dólar futuro negociado na B3 subia 0,68%, a 5,3485 reais.
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Os mercados financeiros globais continuavam apreensivos com a imensa dívida da Evergrande, depois que o prazo de quinta-feira para o pagamento de 83,5 milhões de dólares em juros de um título denominado em dólares passou sem a empresa se pronunciar.
“Na China, não há ainda sinais de que o problema da Evergrande está perto de ser equacionado de maneira estrutural”, alertou em blog Dan Kawa, CIO da TAG Investimentos. “Isso terá impacto não desprezível sobre o crescimento do país e do mundo, em algum momento. Quanto mais tempo levar para essa questão ser solucionada ou endereçada, maior o impacto.”
Em meio ao posicionamento mais resguardado dos operadores, o índice do dólar contra uma cesta de seis moedas fortes subia 0,27% nesta manhã. Peso mexicano, rand sul-africano e lira turca, pares arriscados do real, caíam de 0,6% a 1,2% contra a divisa norte-americana.
Também no radar internacional, o chair do Federal Reserve, Jerome Powell, fará discurso nesta manhã em que pode oferecer mais detalhes sobre os planos do banco central de dar início à reversão de suas medidas de estímulo de combate à pandemia. Na quarta-feira, o Fed sinalizou que provavelmente começará a cortar suas compras de títulos em novembro.
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Enquanto isso, no Brasil o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial, subiu 1,14% em setembro, sobre alta de 0,89% no mês anterior, informou o IBGE nesta sexta-feira. Pesquisa da Reuters com economistas estimava alta de 1,02% para o período.
No acumulado em 12 meses, a alta do IPCA-15 chegou aos dois dígitos pela primeira vez desde o início de 2016, a uma taxa de 10,05%.
À medida que os dados de inflação continuam a surpreender para cima, os mercados seguem atentos às perspectivas para a taxa básica de juros do Brasil, com muitos observando que o atual ritmo de aperto monetário do Banco Central pode não ser o suficiente para aliviar as intensas pressões sobre os preços.
“Se o BC mantém o ritmo atual (de elevação da taxa Selic), o mercado fica com a sensação de que, para conter a inflação, precisaria de alta mais forte”, disse à Reuters Rafael Panonko, analista-chefe da Toro Investimentos.
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Ainda assim, disse ele, é possível que a manutenção do ritmo recente de alta dos juros permita uma Selic terminal mais elevada, algo que talvez não pudesse se concretizar se o BC optasse por promover aumentos superiores a 1 ponto percentual na taxa ao longo das próximas reuniões de política monetária.
O Banco Central aumentou a taxa básica de juros em 1 ponto percentual pela segunda reunião de política monetária consecutiva na quarta-feira, a 6,25% ao ano, e indicou alta de igual magnitude em seu próximo encontro.
Várias instituições financeiras têm elevado suas projeções para a Selic ao fim do ciclo de aperto monetário do Banco Central, com algumas casas prevendo taxa terminal de até dois dígitos.
Custos mais altos dos empréstimos no Brasil tendem a elevar a atratividade do mercado de renda fixa local, intensificar o ingresso de dólares no país e, consequentemente, beneficiar o real.
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Mas qualquer valorização da moeda brasileira depende, afirmou Panonko, das trajetórias de inflação e retomada econômica e da agenda fiscal do governo, com necessidade de passar a impressão de austeridade e comprometimento com o teto de gastos.
O dólar caminhava para encerrar a semana em alta de mais de 1% contra o real.
Na véspera, a moeda norte-americana subiu 0,12%, a 5,3094 reais.