O dólar à vista encerrou a sessão desta quinta-feira, 18, cotado a R$ 4,9680, em alta de 0,68%, após ter atingido máxima a R$ 4,9815 (+0,95%). O dia foi marcado por uma onda de valorização da moeda americana no exterior, em meio a ajustes nas expectativas para o rumo da taxa de juros nos Estados Unidos. Por aqui, analistas relataram certo desconforto, sobretudo na parte da manhã, com as estimativas de que o dispositivo do novo arcabouço fiscal abre espaço adicional para mais gastos públicos, algo rechaçado pelo relator da matéria, deputado Cláudio Cajado (PP-BA), à tarde.
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Termômetro do desempenho do dólar frente a seis divisas fortes, o índice DXY operou em alta firme e superou o nível dos 103,500 pontos, com perdas de euro, iene e libra esterlina. Há diminuição de temores de calote nos EUA com sinais de avanço de negociações para ampliação do teto da dívida americana. Na outra ponta da gangorra, petróleo e cobre recuaram, abalando divisas emergentes e de exportadores de matéria-prima. Moedas de países latino-americanos com taxas de juros elevadas, caso de Brasil, México, Chile e Colômbia, que vinham se sobressaindo, sofreram mais hoje. À tarde, o BC do México anunciou manutenção de sua taxa básica em 11,25% ao ano.
Após divulgação nesta semana de dados de produção industrial e vendas de varejo nos EUA em abril acima do esperado, investidores se deparam hoje com uma queda do número de pedidos de auxílio-desemprego. Na semana encerrada em 13 de maio, houve redução de 22 mil nas solicitações, para 242 mil (analistas previam 255 mil). Embora economistas tenham alertado que pedidos fraudulentos de auxílio-desemprego em Massachusetts possam distorcer dados semanais, a percepção é de que o mercado de trabalho segue apertado, o que sugere mais rigidez da inflação.
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Monitoramento do CME Group mostra que as chances de elevação de 25 pontos-base da taxa básica americana em junho subiram, voltando a superar os 35%. O mercado também reduziu as apostas em um eventual ciclo de afrouxamento monetário ao longo do segundo semestre. As taxas dos Treasuries de 2 anos, mais ligada as apostas para o rumos dos Fed Funds no curto prazo, avançaram mais de 2,5%, operando acima de 4,5%.
Segundo o economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima, indicadores revelam que as expectativas de desaceleração mais forte da economia americana não estão se concretizando. Além disso, houve uma diminuição de temores de que mais bancos regionais apresentassem problemas de liquidez, o que poderia ter impactos negativos relevantes na atividade.
“E aí você começa a questionar se o Fed realmente terminou o ciclo de alta, já que ele disse que ia olhar os dados para tomar sua decisão. A inflação também não está caindo na velocidade que se imaginava. Está havendo um realinhamento dos preços diante da possibilidade de que o Fed tenha que sustentar a taxa de juros alta por mais tempo”, afirma Lima, ressaltando que as divisas emergentes perdem mais com a queda dos preços das commodities, dado que a recuperação da economia chinesa se dá pela expansão do setor de serviços, e não de bens.
Lima observa que a onda de apreciação do real que levou o dólar por aqui a furar o piso de R$ 4,90 no início da semana tinha como pilares a taxa de juro local elevada e a perspectiva de redução dos Fed Funds nos segundo semestre, o que tirava força global do dólar. “Agora ficou só a questão do ‘carrego'”, diz o economista, em referência à obtenção de ganhos elevados com juros por meio da manutenção de posições em real. “Mas o que estamos vendo agora é apenas uma realização, e não uma depreciação mais forte da moeda. O dólar ainda está baixo de R$ 5,00”.
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