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- Elon Musk, CEO da Tesla, avisou os acionistas na terça-feira para esperarem por um ano difícil
- “A Tesla não está imune ao cenário econômico global”, disse
Elon Musk, CEO da Tesla, avisou os acionistas na terça-feira para esperarem por um ano difícil por causa de uma economia global instável e das taxas de juros elevadas.
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“Vão ser 12 meses desafiadores”, disse Musk na reunião anual com acionistas da montadora, ocorrida na terça-feira (16). “A Tesla não está imune ao cenário econômico global”, acrescentou.
A previsão pessimista de Musk chegou em uma apresentação, fora isso, otimista para uma plateia cordial na fábrica da Tesla em Austin, no Texas. Ele ignorou em grande parte as críticas de investidores ativistas a respeito de uma série de questões, incluindo alegações de discriminação racial em sua fábrica na Califórnia, se a empresa era hostil aos sindicatos ou se o conselho dela estava fazendo um bom trabalho na supervisão da gestão.
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Entretanto, ele respondeu aos ativistas prometendo que a Tesla investigaria se algum fornecedor de cobalto, uma matéria-prima de baterias, estava usando trabalho infantil.
“Faremos uma auditoria independente”, disse ele pouco depois de Courtney Wicks, diretora-executiva da Investor Advocates for Social Justice, pedir aos acionistas para votarem a favor de uma investigação sobre a mineração de cobalto.
“Aliás”, disse Musk, “vamos colocar uma webcam na mina. Se alguém vir qualquer criança, por favor, nos avise”.
Os acionistas aprovaram a nomeação de J.B. Straubel para o conselho da empresa, apesar das críticas dos investidores ativistas de que ele era próximo demais de Musk. No mês passado, oito fundos de investimento e grupos ativistas pediram aos acionistas da Tesla para rejeitar a nomeação de Straubel, que foi executivo sênior da montadora durante anos antes de deixar a Tesla e fundar uma empresa de reciclagem de baterias e materiais em 2019.
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Straubel “é claramente um insider da empresa e não é uma escolha apropriada para um conselho que já carece de independência”, escreveram os investidores.
Os ativistas também reclamaram por não terem conseguido apresentar tantas propostas de acionistas como em reuniões anteriores devido ao que eles descreveram ser uma tentativa deliberada da montadora para reprimir a divergência.
Em outubro, a Tesla antecipou a reunião anual, que seria em agosto, para maio e deu aos acionistas dois meses a menos para registrar propostas. A Tesla anunciou o novo prazo para entrega de propostas, 22 de dezembro, no fim de um documento regulatório de 60 páginas, e a maioria dos investidores ativistas deixou passar a mudança.
“Foi bastante sorrateiro”, disse Kristin Hull, CEO da Nia Impact Capital, empresa de Oakland, na Califórnia, que contestou anteriormente uma política da Tesla de exigir que os funcionários resolvessem denúncias de discriminação com um mediador e não na justiça.
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A Tesla não fez nada de errado ao adiantar o prazo, de acordo com uma decisão da Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos.
Musk e os membros do conselho da Tesla rejeitaram as críticas dos ativistas sobre discriminação e apontaram os lucros elevados da empresa e o crescimento das vendas como uma prova de que ela está se saindo extremamente bem.
Alguns investidores viram sinais de que Musk estava receptivo a certas críticas dos acionistas quando ele anunciou na semana passada que nomearia Linda Yaccarino como CEO do Twitter, a empresa de rede social adquirida pelo bilionário no ano passado. A contratação de Linda poderia liberar Musk para passar mais tempo administrando a Tesla.
Os investidores reclamaram que o Twitter tem distraído Musk da Tesla num momento em que a montadora enfrenta uma diminuição na demanda e um aumento da concorrência, o que a levou a reduzir os preços.
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A Tesla também enfrenta críticas de Washington. Um grupo de oito senadores liderados pelo democrata Richard Blumenthal pediu à Tesla este mês que parasse de exigir que funcionários e compradores de carros resolvessem queixas com mediadores.
A prática, dizia a carta, “impede os trabalhadores e os consumidores de levar as queixas de discriminação e reclamações contra a segurança do consumidor para a justiça – na prática, protegendo a empresa tanto da responsabilização, como do escrutínio público”.
Musk estava claramente mais interessado em falar dos planos da Tesla para em algum momento fabricar 20 milhões de carros – o dobro que a maior montadora do mundo, a Toyota, produz em um ano típico. Ele disse que a Tesla lançaria dois novos modelos em breve, sem dar mais detalhes. E insistiu que quando a desaceleração econômica acabar em um ano ou mais, a Tesla estaria mais forte que seus concorrentes. “Depois da tempestade vem a calmaria”, disse ele./TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA