Após ter superado o nível de R$ 4,91 pela manhã, o dólar à vista arrefeceu o ritmo de alta ao longo da tarde em sintonia com o exterior e o ensaio de melhora do Ibovespa. Entre máxima a R$ 4,9146 e mínima a R$ 4,8701, a moeda encerou a sessão cotada a R$ 4,8946, avanço de 0,40%. Com ganhos em quatro dos cinco pregões de agosto, a divisa já acumula valorização de 3,49% no mês. A liquidez foi comedida, com o contrato de dólar futuro para setembro movimentando menos de US$ 10 bilhões.
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Segundo operadores, o real sofreu com o sentimento de cautela diante da agenda carregada da semana – que traz como destaques índices de inflação ao consumidor nos EUA, na China e no Brasil, além da ata do Copom – e da queda dos preços das commodities como minério de ferro e petróleo. Às incertezas em relação ao próximo passo do Federal Reserve (Fed, Banco Central dos EUA) soma-se certo ceticismo com o sucesso dos estímulos monetários na China.
Além do ambiente externo mais incerto, operadores notam certo desconforto com o quadro político doméstico, em meio a negociações para minirreforma ministerial, a que estaria supostamente condicionada à votação final do novo arcabouço fiscal na Câmara dos Deputados.
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“O investidor estrangeiro está com o um pé atrás e começa a se movimentar para buscar proteção, o que ajuda a explicar a alta do dólar nos últimos dias”, afirma o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, ressaltando que os estrangeiros estão tirando recursos da bolsa doméstica neste início de mês. “A impressão é que estamos mais perto de ver o dólar atingir R$ 5,00 do que voltar para R$ 4,70, pelo menos por enquanto.”
Dados mais recentes da B3 mostram que os estrangeiros retiraram liquidamente R$ 1,07 bilhões da bolsa na sessão da última quinta-feira, 3. No mês, as saídas já somam R$ 2,775 bilhões. No ano, contudo, a entrada líquida de capital externo ainda é positiva em R$ 21,35 bilhões. Os estrangeiros aumentaram a posição comprada em dólar futuro nos últimos dias.
É grande a expectativa em torno da divulgação amanhã da ata do Copom. Espera-se que haja explicação mais clara pela opção majoritária pelo corte de 0,50 ponto e detalhamento da visão dos diretores que votaram pela redução de 0,25 ponto. Embora o comunicado da decisão do comitê na semana passada tenha acenado com mais cortes de 0,50 ponto, há especulação de que possa haver uma aceleração no ritmo de baixa, para 0,75 ponto.
Para o diretor de produtos de câmbio da Venice Investimentos, André Rolha, o mercado local ainda está digerindo a decisão dividida do Copom e a perspectiva de uma queda mais rápida dos juros, o que ajuda a explicar o fato de o real ter um dos piores desempenhos entre divisas emergentes hoje.
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Apesar do tropeço da moeda brasileira no curto prazo, Rolha vê espaço para que a taxa de câmbio retorne ao nível de R$ 4,70. “Mesmo com cortes da Selic, teremos uma taxa real muito atraente, com a inflação controlada, e o diferencial de juros interno e externo seguirá elevado. Devemos ver uma volta do fluxo do estrangeiro para cá. Ainda vejo um viés de baixa para o dólar”, diz Rolha.
Termômetro do comportamento do dólar frente a seis divisas fortes, o índice DXY chegou a operar acima dos 102,300 pontos, com máxima a 102,384 pontos, mas perdeu parte do ímpeto e rondava o limiar dos 102,000 pontos no fim da tarde. A moeda americana apresentava sinal divergente em relação a divisas emergentes e de países exportadores de commodities, incluindo pares do real. O dólar subia na comparação com peso chileno e o rand sul-africano, mas recuava na comparação com os pesos mexicano e chileno.