O dólar à vista avançou 1,02% em relação ao real nesta quarta-feira, 28, quando encerrou a sessão cotado em R$ 4,8478. O movimento acompanhou a valorização global da moeda americana, em meio a incertezas sobre o aperto monetário nas economias desenvolvidas. Profissionais também atribuem o desempenho da divisa brasileira a uma realização dos lucros acumulados nos últimos pregões e à sazonalidade de fim de trimestre e semestre.
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A combinação de fatores externos e domésticos levou a divisa brasileira a encerrar o dia com uma das piores performances em uma cesta de 25 moedas emergentes. O dólar sustentou alta ante o real durante toda a sessão, entre a mínima de R$ 4,8132 (+0,30%) – atingida ainda no primeiro minuto dos negócios – e a máxima de R$ 4,8716 (+1,52%). O contrato de dólar futuro para junho movimentou US$ 15 bilhões no dia.
No cenário doméstico, a avaliação de profissionais de mercado é que um movimento de realização de lucros pesou sobre o mercado de câmbio duas sessões após a moeda americana ter encerrado a segunda-feira, 26, cotada em R$ 4,7672 – o menor nível do ano. Dias antes do fechamento do semestre, a compra de dólares por empresas, de olho em remessas de dividendos para matrizes estrangeiras, também puxou as perdas do real.
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“Existe uma realização, porque o dólar ficou muitos dias abaixo de R$ 4,80 e chegou a essa mínima. Eventualmente, aparecem os compradores”, afirma o chefe da Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt. “As outras moedas já realizaram, com exceção do peso mexicano, e, como temos um fechamento de semestre, isso acaba influenciando nas compras de empresas para remessa de dividendos.”
A alta global da moeda americana também serviu como combustível para o seu desempenho em relação ao real. Em meio à percepção de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Banco Central Europeu (BCE) e Banco da Inglaterra (BoE) podem avançar mais no aumento de juros, o índice DXY – que mede o desempenho do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes – avançava 0,49% no fechamento do mercado doméstico.
Os temores com os próximos passos da política monetária foram desencadeados por declarações de dirigentes do Fed, BoE e BCE em fórum da autoridade monetária europeia em Sintra, Portugal. O consenso entre os presidentes dos BCs Jerome Powell, Andrew Bailey e Christine Lagarde foi de que novos aumentos de juros serão necessários para controlar a inflação, embora eles não tenham previsto recessão nas economias.
Como resultado, a ferramenta de monitoramento do CME Group passou a apontar 81,4% de chance de um aumento de 25 pontos-base da taxa dos Fed Funds na próxima reunião do BC americano, ante 76,9% na véspera. Apesar de altas acima de 2% nos preços do petróleo, o desempenho do real e de pares exportadores de commodities também acabou limitado na sessão por quedas da soja (-2,26%) e milho (-4,32%) na Bolsa de Chicago.
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