O dólar à vista emendou o segundo pregão de queda firme no mercado doméstico de câmbio nesta sexta-feira, 2, e voltou a fechar abaixo da linha de R$ 5,00 após quatro sessões. Houve relatos de entrada de fluxos de exportadores e desmonte de posições cambiais defensivas, em meio a forte apetite ao risco no exterior e a uma onda de valorização de divisas emergentes diante da expectativa de medidas de estímulo econômico na China. As cotações do petróleo subiram mais de 2%, com o tipo brent para agosto encerrando em alta de 2,39%, a US$ 76,13 o barril, às vésperas de encontro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+).
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Em baixa desde a abertura, o dólar rompeu a barreira psicológica dos R$ 5,00 na primeira hora de negócios e registrou mínima ainda pela manhã, a R$ 4,9467. No fim da sessão, a moeda recuava 1,07%, cotada a R$ 4,9528. O real, que apanhou mais que seus pares recentemente, hoje apresentou o melhor desempenho entre emergentes. Após ter fechado em R$ 5,0730 na quarta-feira, último pregão de maio, o dólar caiu 2,37% no dois primeiros dias de junho e terminou a semana com baixa de 0,72%. Principal termômetro do apetite por negócios, o contrato de dólar futuro para julho teve giro razoável, acima de US$ 12 bilhões.
“Os mercados estão mais otimistas hoje, com alta forte das bolsas em Nova York e do Ibovespa. Petróleo e minério de ferro estão subindo com a expectativa de estímulos à economia na China, o que favorece as moedas emergentes como o real”, afirma o líder de renda variável da Manchester Investimentos, Marco Noernberg, acrescentando que a aprovação pelo Senado americano, ontem à noite, do projeto para aumento o teto da dívida dos EUA trouxe alívio aos investidores.
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Referência do comportamento do dólar frente a seis divisa fortes, o índice DXY voltou a tocar o nível dos 104,000 pontos, com fortes ganhos da moeda americana ante iene, euro e libra. Divulgado pela manhã, o relatório de emprego (payroll) mostrou geração de 339 mil vagas nos EUA em maio, bem acima da mediana de Projeções Broadcast (200 mil). A taxa de desemprego, porém, subiu de 3,5% em abril para 3,7% em maio, ante projeção de queda para 3,4%. Além disso, o salário médio por hora cresceu abaixo do esperado na comparação anual.
Casas como Jefferies, Commerzbank e ING, por exemplo, afirmam que a desaceleração gradual do ritmo de aumento dos salários abre uma janela para que o Federal Reserve adote uma pausa no processo de alta dos juros em sua reunião de política monetária neste mês (dia 14). As atenções se voltam agora para a divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) de maio, na véspera da decisão do BC americano.
Monitoramento da CME mostra que as chances de manutenção dos Fed Funds seguem acima de 70%. De outro lado, as apostas em redução dos juros no fim do ano deixaram de ser majoritárias. A Oxford Economics afirma que, mesmo com uma pausa em junho, não se pode descartar a possibilidade de que o Fed eleve a taxa básica no segundo semestre, dependendo dos dados de inflação e atividade. A casa vê início de ciclo de afrouxamento apenas em 2024, e de forma bem gradual.