O dólar à vista encerrou a sessão desta segunda-feira, 5, em baixa de 0,45%, cotado a R$ 4,9304 – menor valor de fechamento desde 15 de maio. Na mínima, no início da tarde, a divisa chegou a se aproximar de R$ 4,90, ao tocar R$ 4,9135. Operadores relataram entrada de fluxo comercial e desmonte de posições cambiais defensivas no mercado futuro. Foi o terceiro pregão seguido de queda da moeda americana, que já acumula desvalorização de 2,81% em junho, após ter encerrado maio com alta de 1,72% (R$ 5,0730).
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O real ganhou fôlego em meio ao enfraquecimento do dólar em relação à maioria das divisas emergentes e de exportadores de produtos básicos, em dia de valorização dos preços das commodities metálicas e, em menor magnitude, do petróleo. O tipo Brent para agosto subiu 0,76%, para US$ 76,71 o barril, após a Arábia Saudita anunciar corte de produção de 1 bilhão de barris por dia. Houve uma melhora das expectativas para a economia chinesa na esteira de indicadores positivos de atividade divulgados ontem à noite.
Dados abaixo do esperado nos Estados Unidos contribuíram para tirar ímpeto do dólar ao reforçarem as apostas de que o Federal Reserve vai interromper o processo de aperto monetário em seu encontro na semana que vem. Monitoramento do CME mostra que as chances em manutenção da taxa básica americana na faixa entre 5,00% e 5,25% superaram 80%. Permanece no radar, contudo, a possibilidade de uma alta dos Fed Funds em julho.
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“O dólar está devolvendo toda a pressão da semana passada. Tivemos a aprovação do teto da dívida dos EUA no Congresso. Apesar do payroll (relatório de emprego nos EUA) forte na sexta-feira, a economia americana e a inflação mostram sinais de arrefecimento, o que tira pressão para subida de juros pelo Federal Reserve“, afirma o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni.
A lista de indicadores abaixo do esperado nos EUA começou com o índice de gerentes de compra (PMI, na sigla em inglês de serviços). Embora tenha avançado de 53,6 em abril para 54,9 em maio, ficou aquém das expectativas (55,1). Em seguida, o Departamento do Comércio informou que as encomendas à indústria dos Estados Unidos cresceram 0,4% em abril, enquanto analistas projetavam 0,8%. Por fim, o PMI de Serviços medido pelo Instituto para Gestão da Oferta (ISM, na sigla em inglês) caiu de 51,9 em abril para 50,3, na contramão da expectativa de aumento para 52,0.
“A preocupação com a atividade nos EUA volta aos holofotes com dados mais fracos. Isso reduz o espaço para um movimento de ajuste residual dos Fed Funds em junho e, junto com alta das commodities, provoca queda global do dólar”, afirma a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, ressaltando que o mercado parece já ter incorporado à taxa de câmbio a possibilidade de corte da taxa Selic no segundo semestre.
Em tese, uma redução da Selic estreita o diferencial de juros interno e externo, o que tira parte da atratividade do real. Analistas ponderam que, mesmo se houver ajuste residual dos Fed Funds e cortes da Selic, o intervalo entre as taxas se manterá em nível elevado. Além disso, houve uma diminuição do chamado risco fiscal no Brasil, com a aprovação do novo arcabouço fiscal na Câmara dos Deputados e a aposta em tramitação rápida no Senado.
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O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o diretor de Política Econômica da autarquia, Diogo Guillen, afirmaram hoje que há uma melhora no cenário inflacionário, levando a nova rodada de queda dos juros futuros. “As expectativas de inflação de longo prazo ainda estão em alta, mas devem cair”, afirmou Campos Neto, à tarde, durante evento da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), em Minas Gerais.