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Dólar fecha no maior valor desde 9 de fevereiro com crise de bancos nos EUA

Moeda encerrou a sessão em alta de 1,16%, cotada a R$ 5,2688

Dólar fecha no maior valor desde 9 de fevereiro com crise de bancos nos EUA
Notas de dólar 08/02/2021. REUTERS/Dado Ruvic/Illustration/File Photo

O dólar abriu a semana em alta firme no mercado doméstico de câmbio e fechou no maior nível em mais de um mês, alinhado à onda de fortalecimento da moeda americana frente a pares emergentes do real com aumento da aversão ao risco no exterior. Apesar da ação rápida de autoridades americanas para assegurar a solidez do sistema financeiro, com linha de redesconto a bancos e garantia a depositantes, a quebra do banco Silicon Valley Bank (SVB) trouxe de volta o fantasma da recessão nos EUA.

Investidores não apenas começaram a colocar em xeque a possibilidade de nova alta 25 pontos-base da taxa básica dos EUA neste mês como já projetam redução dos juros americanos ainda neste ano. A taxa da T-note de 2 anos caiu dois dígitos, abaixo de 4%. Por aqui, a perspectiva de queda da taxa Selic ainda neste primeiro semestre – que estava no radar dos agentes em razão da deterioração do mercado de crédito – ganhou ainda mais corpo.

Segundo analistas, a trinca formada por limitação da exposição a divisas emergentes, perspectiva de taxa Selic menor e temores de deterioração da atividade doméstica acabou abalando o real. A moeda brasileira, que costuma apanhar mais em dias negativos no exterior, hoje não liderou as perdas entre pares, papel que coube ao peso mexicano, com desvalorização superior a 3%.

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Depois de ensaiar uma escalada mais forte na primeira hora de negócios, quando esboçou correr até R$ 5,30 ao atingir máxima a R$ 5,2828, o dólar se acomodou por volta de R$ 5,23 no fim da manhã, em linha com o exterior. Ao longo da tarde, a divisa voltou a ultrapassar o nível de R$ 5,25 e encerrou a sessão em alta de 1,16%, cotada a R$ 5,2688 – maior valor de fechamento desde 9 de fevereiro (R$ 5,2788).

Para o economista-chefe do Banco Fibra, Cristiano Oliveira, a taxa de juros no Brasil e em outros mercados emergentes atingiu seu pico e o mercado de moedas já especula em torno do início de um afrouxamento monetário. “No caso do Brasil, isso é ainda mais claro. Antes do evento do SVB, o mercado já se precificava corte de juros antecipado. E, com o que aconteceu nos EUA, passou a precificar redução ainda maior, o que se reflete no valor da moeda”, afirma Oliveira, que vê início de corte da taxa Selic em junho, uma vez que “as condições financeiras estão muito mais apertadas após algumas empresas do varejo apresentarem problemas no balanço”.

O economista-chefe do Fibra ressalta que o Federal Reserve agiu rápido para evitar danos maiores ao sistema financeiro em razão da quebra do SVB, o que deve levar o mercado a se reequilibrar em alguns dias. “Essa crise não será prolongada como vimos em 2008 e 2009 com o evento subprime. Como uma acomodação, o dólar deve permanecer no mesmo ‘range’ (entre R$ 5,00 e R$ 5,250)”, afirma.

Lá fora, com perspectiva de fim iminente do aperto monetário nos EUA e aposta em corte dos Fed Funds neste ano, o índice DXY – que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes – caiu quase 1%, e rompeu o piso de 104,000 pontos. A moeda americana também recuou na comparação com divisas de países exportadores de commodities que não se enquadram na categoria de emergentes, como dólar australiano e canadense.

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O sócio e head de câmbio da Nexgen Capital, Felipe Izac, afirma que os efeitos da alta da taxa de juros pelo Fed se fazem sentir na economia e há temores de que haja uma deterioração mais forte dos mercados de crédito, levando a um efeito cascata que deságue em uma recessão. “Isso provocou uma forte aversão ao risco no mercado, já revertido em parte pela ação rápida das autoridades americanas. Mas aquele discurso do Fed de alta de juros não vai se sustentar e isso levou a uma queda forte do DXY”, afirma Izac.

Segundo o sócio Nexgen Capital, parte da depreciação do real hoje também se deve a um temor de contágio e piora da atividade do Brasil, que tem a maior taxa real de juros do mundo. “Essa questão do crédito também já preocupa aqui dentro. Há temor de que empresas e bancos brasileiros digitais de menor porte possam ser atingidos. Isso gera um movimento de ‘risk off’ que ajuda a explicar a desvalorização do real hoje”, afirma.

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