Após uma sequência de cinco pregões consecutivos de queda, em que acumulou desvalorização de 2,46% e rompeu o piso de R$ 4,90, o dólar encerrou a sessão desta terça-feira, 16, em alta de 1,12%, cotado a R$ 4,9428, com máxima a R$ 4,9542 no início da tarde. Operadores atribuem o tropeço do real a movimentos naturais de correção e realização de lucros, em meio à onda de fortalecimento da moeda americana no exterior com indicadores positivos da economia dos EUA. Divisas emergentes e de países exportadores de commodities, incluindo pares do real como peso chileno e colombiano, também devolveram ganhos recentes sob impacto de dados abaixo do esperado de produção industrial e de vendas no varejo na China.
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Por aqui, como já ventilado nos últimos dias, o texto do novo arcabouço fiscal apresentado pelo relator do projeto na Câmara, deputado Claudio Cajado (PP-BA), trouxe regras mais rígidas e gatilhos (trava de gastos) em caso de descumprimento da meta fiscal. A volta da necessidade de contingenciamentos também agradou. Analistas ouvidos pelo Broadcast ponderaram que, embora o parecer do relator seja mais duro que a proposta original do governo, representa folga para gastos no curto prazo, é muito dependente de aumento das receitas e não garante a estabilização da relação dívida líquida/PIB.
“Estamos vendo o dólar hoje se fortalecendo de forma global. No cenário doméstico, pode ter um pouco de estresse também com o arcabouço fiscal, apesar de o relator incluir gatilhos e diminuir exceções. Mas essa alta do dólar aqui parece mais um repique de curto prazo após várias quedas seguidas”, afirma o líder de renda variável da Manchester Investimentos, Marco Noernberg.
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Lá fora, o índice DXY – que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes – operou em alta moderada ao longo do dia, acima da linha dos 102,500 pontos, em meio às tensões que permeiam os debates para aumento do teto da dívida americana. Entre indicadores, a produção industrial dos EUA avançou 0,5% em abril na margem, quando se esperava estabilidade. Já as vendas no varejo avançaram 0,4% no mês passado, abaixo do previsto (0,8%).
As taxas dos Treasuries avançaram, com a T-note de 10 anos superando 3,50%, o que contribui para tirar fôlego de divisas emergentes. À tarde, o presidente do Fed de Nova York, John Willians, afirmou que a inflação segue muito alta, mas já se move “gradualmente na direção correta”. O presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee, alertou que é “muito prematuro” antever corte de juros ainda neste ano, como aventado por uma ala do mercado.
“O câmbio hoje está tendo um pouco de realização de lucros do ‘trade’ comprado em real. Esse movimento é desencadeado por dois fatores: números de atividade abaixo do esperado na China e indicadores fortes nos EUA, que levaram a curva de juros para cima outra vez lá fora, em especial o Treasury de 10 anos”, afirma o economista-chefe da Integral Group, Daniel Miraglia, para quem o mercado se equivoca ao precificar cerca de 25% de chance de mais uma alta dos juros pelo Fed. “Trabalhamos com probabilidade de 50% de alta de nova alta de juros. A crise dos bancos regionais não vai provocar desaceleração da economia americana”.