O alívio se sobrepôs à cautela pré-feriado no mercado local de câmbio, que seguiu acompanhando no detalhe as negociações entre o governo eleito e o Congresso para ampliação de gastos em 2023. Relatos de uma proposta mais conservadora para a PEC da Transição fizeram com que o dólar terminasse o dia abaixo de R$ 5,30, menor marca de fechamento desde a quarta-feira passada.
Leia também
O dólar à vista encerrou o dia aos R$ 5,2998, desvalorização de 0,64%. No segmento futuro, a moeda para dezembro recuou 0,25%, aos R$ 5,3595, com giro financeiro de quase US$ 12,5 bilhões.
Durante boa parte da sessão, o câmbio pareceu mais resistente do que a bolsa e, principalmente, os juros futuros à rodada de apetite ao risco local. Esses dois mercados receberam melhor os recados de líderes do Centrão de que o grupo político estaria disposto a votar com o governo eleito exceções ao teto de gastos, só que mais conservadoras do que as postas até aqui.
Publicidade
Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos
O gatilho foi a nota do ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), de que o “correto e republicano” seja debater somente as exceções ao teto em 2023. “A questão de estender para quatro anos a atribuição do Congresso que termina não é só a usurpação de poder do Congresso que ainda nem começou. É a falta de critério democrático”, disse.
O câmbio ficou mais refratário a esses comentários justamente pela necessidade dos agentes em fazer hedge em algum mercado. Como há o feriado pela frente, e o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estará em viagem externa para a Conferência do Clima da ONU (COP27), há sempre a dúvida de um ruído neste intervalo.
Mas a resistência do câmbio a movimentos mais ousados sobreviveu até por volta das 16h30. Depois de quase zerar a queda no segmento à vista, o dólar acelerou as perdas e chegou a ceder 1%. Segundo a Bloomberg, pessoas que participam das negociações disseram que a equipe de transição estuda uma alternativa mais conservadora, que seria de um waiver de apenas um ano (e não quatro, como estava em estudo) e uma exceção de gastos sociais de R$ 130 bilhões (e não R$ 175 bilhões), justamente na linha proposta por Ciro Nogueira.