O quadro de dólar forte no mundo deve persistir e pode até se intensificar, afirma o time de economistas do Banco Itaú (ITUB4), liderado pelo economista-chefe da instituição e ex-diretor do Banco Central, Mario Mesquita.
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Os economistas do banco ressaltam que o dólar está em seu maior nível histórico em termos reais, em razão, sobretudo, de dois fatores. O primeiro é o diferencial de juros dos EUA em relação a outros países, com o chamado “excepcionalismo” dos EUA (“crescimento mais resiliente e inflação mais persistente”) levando o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) a postergar o início de cortes de juros no país.
Outro ponto que leva a uma valorização da moeda americana é o aumento do risco geopolítico, em meio a guerras no Oriente Médio (conflito entre Israel e Hamas) e na Europa (invasão da Rússia à Ucrânia), além do aumento da tensão comercial entre China e Estados Unidos.
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O Itaú espera um ritmo distinto de afrouxamento monetário na Europa e nos EUA daqui até o fim de 2025. A expectativa é que o Federal Reserve promova quatro cortes na taxa básica americana, ao passo que o Banco Central Europeu (BCE) deve optar por sete reduções dos juros.
“Estimamos um potencial de apreciação adicional do dólar multilateral de em torno de 1,5% até o fim do ano. Avaliamos que essa apreciação pode se acentuar, a depender das tensões geopolíticas globais”, afirma o time de economistas do Itaú.
“Especificamente, estimamos que a cada 10% de aumento da razão entre os preços do ouro e do cobre (métrica que avaliamos como a mais representativa do risco geopolítico no momento), há uma apreciação de 2% do dólar, tudo o mais constante”.
O banco observa que um dólar globalmente mais forte deve “contribuir para ciclos de cortes de juros mais contidos” em países emergentes. Moedas desse conjunto de países com “diferenciais de juros relativamente baixos frente ao padrão histórico” apresentam pior desempenho neste ano.
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“Uma dessas é o real, cujos movimentos têm correção histórica alta como dólar multilateral”, afirma o banco, que, em razão da “expectativa de dólar forte” e de um “ambiente doméstico desafiador” revisou recentemente a expectativa para a taxa de câmbio no fim deste ano (de R$ 5,00 para R$ 5,15) e do próximo (de R$ 5,20 para R$ 5,25).