Após o tombo de 4,09% ontem, o dólar enfrentou um dia de instabilidade no mercado doméstico de câmbio nesta terça-feira (4), sobretudo ao longo da tarde, quando mudou de rota algumas vezes e oscilou mais de sete centavos. Segundo operadores, o clima de cautela diante das articulações dos presidenciáveis para o segundo turno e movimentos técnicos limitaram o espaço para queda da divisa por aqui, apesar da forte rodada de baixa da moeda americana no exterior, na esteira da perspectiva de moderação do aperto monetário nos EUA.
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Pela manhã, o dólar até ensaiou uma queda mais acentuada, descendo até a mínima de R$ 5,1123 (-1,19%), mas acabou moderando os ganhos ainda na primeira etapa de negócios e virou para o lado positivo no início da tarde, correndo até a máxima de R$ 5,2220 (+0,93%). Com constantes trocas de sinal ao longo das duas últimas horas do pregão, a moeda acabou fechando a R$ 5,1680, em baixa de 0,11%.
Nas mesas de operação, comenta-se que, embora veja espaço limitado para aventuras heterodoxas em caso de vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dada a composição mais conservadora do Congresso, o mercado tem clara preferência pela candidatura do presidente Jair Bolsonaro. Enquanto o petista não der sinais concretos de compromisso com uma agenda menos intervencionista, o mercado tende a se manter cauteloso e sustentar parte dos prêmios de risco embutidos nos ativos domésticos.
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À tarde, Lula recebeu apoio do PDT e de seu candidato Ciro Gomes, que gravou um vídeo dizendo seguir a orientação do partido, mas sem mencionar o nome do petista. Também se juntou às hostes lulistas o Cidadania, que esteve com Simone Tebet (MDB) no primeiro turno. Já Bolsonaro angariou apoio do governador reeleito de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), do governador do Rio, Claudio Castro (PL), e do ex-ministro e senador eleitor Sergio Moro (União Brasil). O governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), que ficou fora do segundo turno, declarou suporte pessoal e “incondicional” a Bolsonaro, embora os tucanos ainda mantenham a neutralidade. A expectativa é a de que Tebet declare seu apoio a Lula. Mesmo que caciques deixem claro sua preferência a um dos candidatos, pode haver rachas nos partidos. “É normal ter uma correção depois de uma queda tão grande como foi a de ontem. A eleição está agora fazendo preço no mercado e vamos ter semanas de muita volatilidade com anúncio de alianças políticas e de planos para a economia”, afirma a economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese, que não vê, neste momento, uma preferência clara do mercado por um dos presidenciáveis. “A perspectiva ainda é Lula mais ao centro, sem política econômica heterodoxa. Bolsonaro é a continuidade da agenda liberal, agora mais forte com o novo Congresso.”
Lá fora, a moeda americana emendou mais um dia de perdas expressivas, devolvendo parte da alta acumulada recentemente. Termômetro do desempenho do dólar frente a pares fortes, o índice DXY – que chegou a superar 114,000 mil na semana passada – caiu mais de 1% e esboçou romper o piso de 110,000 ao descer os 110,055 pontos à tarde, em meio à recuperação do euro e da libra, esta beneficiada pela perspectiva de que o governo do Reino Unido volte atrás no pacote de corte de impostos e ampliação de gastos.