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Dólar hoje fecha a R$ 6,10 com divulgação de dados fortes na economia americana

Apesar da alta das commodities, agenda de indicadores econômicos impactou o câmbio nesta sexta-feira (10)

Dólar hoje fecha a R$ 6,10 com divulgação de dados fortes na economia americana
Veja detalhes sobre a operação e cotação do dólar hoje. (Foto: Adobe Stock)

A cotação do dólar hoje fechou a última sessão da semana nesta sexta-feira (10) em alta de 1,00%, a R$ 6,1024. Na véspera, a moeda americana caiu ao menor patamar em quase um mês, em um dia marcado por valorização de commodities como minério de ferro e petróleo.

Ainda que as matérias-primas continuem em alta no exterior, a sessão desta sexta será marcada pela divulgação de indicadores econômicos que podem impactar o câmbio. No Brasil, foi divulgado o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de dezembro, com uma alta de 0,52% ante novembro. Com o resultado, a inflação de 12 meses em 2024 fechou em 4,83%.

A divulgação do payroll, relatório oficial de emprego nos Estados Unidos, às 10h30, mostrou a criação de 256 mil vagas de trabalho no país, muito acima do esperado. O indicador é um dos principais termômetros do ritmo da economia dos EUA analisados pelo Federal Reserve (Fed) antes das decisões de política monetária. A perspectiva de juros mais altos por mais tempo nos EUA fez o dólar acelerar o ritmo de alta ante rivais nesta sexta-feira.

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“Não se veem muitas evidências de que uma desaceleração mais intensa do mercado de trabalho americano se aproxima, o que limita a margem de ação do Fed na condução da política monetária. Com o dado do payroll acreditamos que uma pausa [nos cortes de juros] na reunião de janeiro se torne praticamente certa”, diz André Valério, economista sênior do Inter.

O economista-chefe da Integral Group, Daniel Miraglia, afirma que a leitura forte de emprego nos EUA levou o real a devolver hoje parte da apreciação observada ontem, quando as bolsas americanas estavam fechadas, em razão do funeral do ex-presidente dos EUA Jimmy Carter.

“Com a economia americana forte e inflação acima da meta, além das incertezas sobre o impacto das políticas de Trump, diminuíram muito as chances de o Fed cortar os juros neste primeiro semestre”, afirma Miraglia, em referência ao presidente eleito dos EUA, Donald Trump, que promete adotar medidas protecionistas e redução de impostos.

Após o payroll, a chance de corte de juros pelo Fed apenas em junho subiu da casa de 55% para mais de 70%, segundo ferramenta de monitoramento do CME Group.

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Por aqui, o IPCA de dezembro veio praticamente em linha com o esperado, confirmando o estouro da meta de inflação em 2024. A abertura do índice foi considerada ruim, com pressões em núcleos e serviços, levando diversas casas a revisar para cima a projeção para o IPCA deste ano. Analistas consideram que o quadro inflacionário desafiador, que deve ser enfrentado por um Banco Central composto em sua maioria por indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e as dúvidas no campo fiscal tendem a limitar o apetite por ativos domésticos.

Dólar encerra semana em baixa

Apesar do avanço de hoje, o dólar termina a semana em baixa de 1,29%, com o real apresentando desempenho superior ao de pares no período.

Termômetro do comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes, o índice flertou com os 110,000 pontos, com máxima aos 109,966 pontos.

A taxa dos Treasuries de 2 anos saltou mais de 10 pontos e se aproximou de 4,40%, com pico a 4,3960% no fim da tarde. Apesar do ambiente externo menos favorável com a perspectiva de um Fed mais cauteloso, Miraglia afirma que o fator predominante para a formação da taxa de câmbio é ainda a questão fiscal. O economista até vê espaço para uma recuperação do real no curto prazo, em caso de sinais positivos vindos de Brasília ou mesmo do exterior, como novos estímulos da China, dado que o mercado carrega uma posição muito vendida na moeda brasileira.

“Mas no médio prazo, sem um choque de credibilidade fiscal, a perspectiva é de deterioração dos ativos, com a continuidade da precificação de dominância fiscal. Nesse quadro, dólar a R$ 6,00 é piso”, diz Miraglia, para quem promessas de contenção de gastos feitas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já não são suficientes para tranquilizar os investidores. “Seria preciso um compromisso de superávit primário vindo diretamente da boca do presidente Lula. E troca de Haddad por um economista ortodoxo”.

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(Com Estadão Conteúdo)