

O dólar hoje fechou a sexta-feira (28) com um salto de 1,50%, a R$ 5,9163. A última sessão do mercado brasileiro antes do feriado de carnaval foi marcada por volatilidade, fruto de diferentes fatores internos e externos. É o maior patamar de fechamento para a moeda americana desde o dia 24 de janeiro.
Com o desempenho desta sexta-feira, o dólar à vista somou uma alta mensal de 1,19% ante o real. No acumulado do ano, a moeda americana ainda cai 4,36%.
Lá fora, investidores acompanham a discussão de tarifas de Donald Trump e indicadores econômicos nos Estados Unidos. Pela manhã, a perspectiva de adoção efetiva de tarifas de importação mais altas pelos EUA no início da semana que vem, somada ao fato de que os mercados brasileiros estarão fechados no período, manteve os investidores cautelosos na primeira etapa do pregão.
Publicidade
Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos
“Esse tem sido um ponto muito importante que vem trazendo volatilidade pro mercado, porque, desde o último ano, Trump vem falando sobre essas tarifas, só que até hoje não tínhamos visto nada ainda efetivo. Agora, aparentemente vai entrar em vigor e essas medidas têm cunho inflacionário”, explica Marcos Moreira, sócio da WMS Capital.
Esse potencial aquecimento da economia americana, em um contexto em que o Federal Reserve já enfrenta desafios para reduzir a inflação por lá, joga a favor de juros mais altos por mais tempo. O que tende a manter o dólar em alta. “A nossa leitura é de que o principal fator dessa alta do dólar hoje vem dessas tarifas que foram anunciadas”, diz Moreira.
Lá fora, o bate-boca entre Donald Trump e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, sobre a guerra na Ucrânia também pesou sobre o câmbio. Com o aumento da incerteza global, o índice DYX, que mede a performance do dólar frente a divisas fortes, renovou as máximas, acima dos 107,5 mil pontos.
“Os dois líderes não chegaram a um acordo e palavras duras foram trocadas no Salão Oval da Casa Branca, minando a esperança de que um acordo para o fim da guerra pudesse ser alcançado e que os riscos geopolíticos arrefecessem”, afirma Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad.
“Efeito Gleisi” também ajuda
No mercado doméstico, o último pregão de fevereiro foi de volatilidade, após o anúncio de mudanças ministeriais em Brasília. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann assumirá como ministra de Relações Institucionais (SRI) no lugar de Alexandre Padilha, anunciado como o próximo ministro da saúde.
Publicidade
A mudança pesou sobre o mercado. Às 16h40, o Ibovespa caía quase 1,5% na sessão, de volta aos 122 mil pontos. A reação negativa do mercado respingou no câmbio. “A ida da Gleisi para a articulação política é ruim. Ela faz parte da ala mais radical do PT, sempre crítica ao ajuste fiscal. Sendo esse o principal problema macro do Brasil, é ruim que esteja ganhando poder”, diz Gustavo Jesus, sócio da RGW Investimentos.