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Dólar hoje fecha a R$ 5,76, maior valor desde março de 2021, com incertezas fiscais e expectativas por eleições nos EUA

Um risco doméstico e a eleição nos EUA estão entre os motivos que pressionaram o câmbio

Dólar hoje fecha a R$ 5,76, maior valor desde março de 2021, com incertezas fiscais e expectativas por eleições nos EUA
Foto: Adobe Stock

O dólar hoje fechou em alta, após a ausência de anúncios do governo federal a respeito de cortes nos gastos públicos, prometidos para depois das eleições municipais do último domingo (27), aumentarem o nervosismo do mercado. Nesta terça-feira (29), a moeda americana finalizou a sessão em valorização de 0,92% a R$ 5,7616, variando entre máxima a R$ 5,7672 e mínima a R$ 5,6980. O valor de fechamento é o maior desde 30 de março de 2021, quando encerrou o dia cotado a R$ 5,7619.

O real teve o pior desempenho entre as principais moedas emergentes. Houve relatos de fluxo de saída e frustração de operadores pela ausência de medidas para corte de gastos do governo, prometidas para depois das eleições municipais. O mercado também busca proteção antes de uma agenda carregada: relatório de emprego dos Estados Unidos (payroll) na sexta-feira, eleição americana na terça-feira e decisão do Federal Reserve (Fed, BC americano) na quinta-feira que vem. O dia também foi de leve baixa para o petróleo e minério de ferro sem direção clara.

Já o índice DXY, que mede a divisa ante uma cesta de seis pares fortes, caiu 0,02%, encerrando o pregão aos 104,292 pontos.

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A demora do governo em divulgar o tão esperado plano de corte de despesas gerou desconforto entre investidores, o que também contribuiu para o desempenho negativo do Ibovespa na sessão. O principal índice da B3 terminou o dia em baixa de 0,37% aos 130.729,93 pontos.

Ao Broadcast, o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, explicou que o mercado tem certa decepção com o governo federal, que custa a apresentar qual será o tamanho das medidas que serão incluídas no corte de gastos. “O mercado acha que Lula não aprovou o plano do Haddad”, diz Laatus, ao referir-se à reunião realizada na segunda-feira (28) entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Em relação à deterioração do câmbio à tarde, o operador de câmbio da Fair Corretora, Hideaki Iha, afirma que houve relatos de fluxo, com bancos comprando dólar e também com a possibilidade de que tenha tido operação de saída de recursos do País.

O diretor de câmbio da corretora Ourominas, Elson Gusmão, destaca a falta de anúncios do governo em relação ao fiscal. “Era prometido para logo após as eleições municipais, já houve reunião ontem entre o ministro Fernando Haddad e o presidente Lula, mas ainda nada de concreto”, disse.

O Broadcast apurou que Haddad está fazendo movimentos para blindar seus planos de corte de gastos. A ideia é evitar que o projeto seja alvo de ataques dentro do próprio governo, o que poderia começar a desidratá-lo ainda antes do início das discussões formais.

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Após o dólar acelerar alta, Haddad disse no meio da tarde que as conversas em torno da agenda de corte de gastos estão avançando e reiterou que não há veto de Lula às medidas. Porém, o ministro não deu nenhuma data para lançamento do plano. A economista-chefe da Armor Capital, Andréa Damico, afirma que talvez o mercado tenha se conscientizado que talvez as medidas demorem um pouco mais para serem anunciadas do que se imaginava anteriormente. “Acho que o Haddad deixou muito claro que não existe ainda nada de concreto em relação a números”, afirma.

A sensibilidade do mercado também é dada pelo cenário externo, segundo o superintendente da mesa de derivativos do BS2, Ricardo Chiumento. “Estamos perto de grandes eventos internacionais: semana que vem vai ser pesada, em termos de agenda, com a eleição dos Estados Unidos e a reunião do Federal Reserve, e já temos payroll dos Estados Unidos nesta sexta-feira. Então o mercado já está bem sensível não só por fatores locais, mas também em geral”, avalia.

Dados e eleições nos EUA

Os investidores americanos monitoraram a divulgação do relatório Jolts, pelo Departamento do Trabalho do país. O documento mostrou que a abertura de postos de trabalho nos Estados Unidos caiu para 7,443 milhões em setembro. Analistas consultados pela FactSet previam criação de 7,95 milhões de vagas no mês.

A expectativa de eleição do candidato republicano Donald Trump à presidência do país também tende a pressionar moedas de emergentes. “O dólar disparou para R$ 5,75, na minha visão, devido ao cenário de incertezas políticas e econômicas nos Estados Unidos, especialmente pela proximidade das eleições”, afirmou Lucas Almeida, especialista em mercado de capitais e sócio da AVG Capital

dólar avança 5,77% em outubro. No ano, a divisa acumula valorização de 18,71%.

*Com informações do Broadcast

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