O dólar à vista encerrou a sessão desta quinta-feira, 23, em alta de 0,10%, cotado a R$ 4,9068. Com os mercados de ações em Nova York e de Treasuries fechados, em razão do feriado do Dia de Ação de Graças nos EUA, a liquidez foi bem reduzida e as oscilações, contidas, de pouco mais de dois centavos entre a mínima (R$ 4,8869), pela manhã, e a máxima (R$ 4,9074), à tarde. Principal termômetro do apetite por negócios, o contrato de dólar futuro para dezembro movimentou menos de US$ 5 bilhões.
Leia também
No exterior, o índice DXY – termômetro do comportamento da moeda americana em relação a uma cesta de seis pares – operou em leve queda, na faixa dos 103,700 pontos, em razão, sobretudo, da recuperação do euro. Em relação a divisas emergentes e de países exportadores de commodities, o dólar apresentou comportamento misto.
Na agenda de indicadores, índices de gerente de compras (PMIs) da zona do euro de outubro, embora ainda indiquem contração da atividade, vieram melhores que o esperado por analistas. Na ata do encontro mais recente de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), dirigentes da instituição decidiram “deixar a porta aberta para uma possível nova subida das taxas”, embora esse não seja seu plano de voo principal.
Publicidade
Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos
Na ausência de indicadores domésticos relevantes, investidores monitoram o andamento da agenda econômica em Brasília. O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), afirmou hoje que os projetos de lei de fundos offshore e de fundos exclusivos devem ser votados na Câmara dos Deputados na próxima terça-feira, 28. Segundo Randolfe, a estimativa do governo com esses PLs é arrecadar de R$ 20 bilhões a R$ 25 bilhões por ano. Outra medida para ampliar a arrecadação, o PL das apostas esportivas, deve ir ao plenário na quarta-feira, 29, disse o líder do governo.
O head de câmbio da Nova Futura Investimentos, Luis Guilherme, ressalta que as questões fiscais internas podem voltar a ganhar mais relevância na formação da taxa de câmbio com a consolidação da perspectiva de que o Federal Reserve não vai mais subir a taxa de juros e pode iniciar um movimento de corte ainda no primeiro semestre de 2024. “Antes, havia uma preocupação com o fato de o Fed ainda estar subindo os juros enquanto aqui o Banco Central reduzia a taxa Selic. Agora, com juro estável lá e possível queda no ano que vem, isso já não preocupa tanto e os holofotes se voltam para a nossa questão fiscal”, afirma Guilherme, ressaltando que há muitas dúvidas se o governo vai conseguir realmente aumentar a arrecadação para entregar a meta de déficit primário zero em 2024.
Ontem, houve certo desconforto com a ampliação de estimativa de déficit primário em 2023 no Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas do 5º bimestre. A projeção passou de R$ 141,4 bilhões para R$ 177,4 bilhões. A meta de resultado primário do Governo Central deste ano é de saldo negativo de até R$ 213,6 bilhões, mas a Fazenda chegou a prometer no começo do ano um rombo bem menor, de 1% do PIB (cerca de R$ 100 bilhões).
À tarde, o BC informou que o fluxo cambial foi negativo em US$ 1,708 bilhão na semana passada (de 13 a 17), com saídas líquidas de US$ 1,008 bilhão pelo canal financeiro e de US$ 699 milhões via comércio exterior. Em novembro (até dia 17), o saldo é negativo em US$ 3,188 bilhões (-US$ 2,202 bilhões pelo canal financeiro e -US$ 986 milhões pelo lado comercial). No ano, contudo, o fluxo cambial ainda é positivo em US$ 20,980 bilhões, graças à entrada líquida de US$ 45,925 bilhões via comércio exterior.
Publicidade