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Dólar hoje: moeda inicia semana em queda com decisões de juros no radar

Real mostrou recuperação, apesar da onda de valorização da moeda americana no exterior

Dólar hoje: moeda inicia semana em queda com decisões de juros no radar
Dólar (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

dólar hoje fechou em queda no mercado doméstico, com investidores se preparando para uma semana agitada, marcada por decisões monetárias em diferentes países. Nesta segunda-feira (29), a moeda americana terminou o pregão em baixa de 0,57% a R$ 5,6255, após oscilar entre máxima a R$ 5,669 e mínima a R$ 5,626.

O real passou por um movimento de recuperação técnica, apesar da onda de valorização da moeda americana no exterior. O índice DXY, por exemplo, que mede o dólar em relação a uma cesta de seis moedas fortes, encerrou em alta de 0,24%, aos 104,564 pontos.

Na última semana, o real e outras moedas emergentes foram impactadas pelo rali recente do iene, em meio às expectativas de que o Banco do Japão (BoJ) volte a elevar juros na reunião de política monetária que acontece na quarta-feira (31).

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Um iene valorizado ante o dólar e uma eventual diminuição no diferencial de juros entre Japão e Estados Unidos fazem com que investidores revertam as chamadas operações de “carry trade”, que consistem em tomar empréstimos em uma moeda com juros baixos e investir em outra com juros altos para lucrar com a diferença.

Na última sexta-feira (26), a divisa americana havia terminado o dia em alta de 0,21% a R$ 5,660 — o maior patamar desde o último dia 2 (R$ 5,6648). No cenário doméstico, investidores repercutiram o rombo de R$ 38,8 bilhões registrado nas contas do governo. O déficit ocorre quando a arrecadação de tributos e impostos fica abaixo do gasto do período. O resultado foi negativo mesmo com a arrecadação recorde para o mês de junho.

Boletim Focus no radar dos investidores

Investidores acompanharam a divulgação do Boletim Focus nesta segunda-feira (29). Na edição, a mediana das projeções para a taxa Selic no fim de 2024 continuou em 10,50% pela sexta semana consecutiva. Para 2026, a estimativa seguiu em 9%, como já estava havia 11 semanas. Para 2027, a expectativa também foi mantida em 9%, o mesmo patamar há dez semanas.

Já a mediana para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2024 passou de 4,05% para 4,10%, de 4,00% há um mês – o centro da meta para o ano é de 3%. A projeção para 2025, horizonte relevante da política monetária, passou de 3,90% para 3,96%. Um mês antes, ela era de 3,87%.

Nos horizontes mais longos, a mediana do Focus para o IPCA de 2026 continuou em 3,60% pela oitava semana consecutiva, enquanto a estimativa intermediária para 2027 ficou em 3,50% pela 56ª semana seguida.

“Super Quarta” pode mexer com o dólar

O mercado se posiciona para uma semana que será marcada pela “Super Quarta”, com decisões de juros nos Estados Unidos e no Brasil. A expectativa é de que, no cenário doméstico, o Comitê de Política Monetária (Copom) mantenha a Selic no patamar de 10,5% ao ano.

Para Pedro Oliveira, tesoureiro do Paraná Banco Investimentos, o Brasil tem mais fatores pesando para manter ou aumentar a taxa de juros do que para cortá-la. “Primeiro pelo cenário fiscal, que mesmo com a arrecadação subindo 9,08% real nos últimos 12 meses, ainda temos projeção de déficit fiscal para 2024 e 2025. O corte de R$ 25,9 bilhões no orçamento de 2025 também parece ser insuficiente para cumprir a meta fiscal e o colegiado deve cobrar isso em sua comunicação”, afirma.

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O Federal Reserve (Fed), por sua vez, deve manter a taxa de juros no mesmo patamar neste mês, mas abrir a porta para um corte mais à frente. Ferramenta de monitoramento do CME Group mostra 100% de chances de que o Banco Central americano inicie o movimento de relaxamento monetário em setembro. As apostas majoritárias são de uma redução acumulada de 75 pontos-base até dezembro.

Em relação ao câmbio, que nos últimos dias ultrapassou os R$ 5,60, Oliveira acredita que o real deverá continuar desvalorizado ao longo do ano, mesmo com uma possível queda de juros nos Estados Unidos. “As eleições americanas ainda não fizeram impacto no mercado, mas uma vitória de Donald Trump deve fortalecer o dólar mundialmente. A única maneira do real se valorizar novamente em relação ao dólar é com o governo recuperando sua credibilidade fiscal,” explica o tesoureiro do Paraná Banco Investimentos.

*Com informações do Broadcast