O dólar à vista apresentou queda firme na sessão desta terça-feira, 29, e fechou na casa de R$ 4,85, em meio ao sinal predominante de baixa da moeda americana no exterior e ao recuo das taxas dos Treasuries. Dados abaixo do esperado de criação de vagas de trabalho nos EUA não apenas afastaram as chances de novas altas de juros pelo Federal Reserve neste ano como ampliaram as apostas em corte dos FedFunds mais cedo em 2024.
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Por aqui, as atenções seguem voltadas às medidas do governo para ampliação de receita e à peça orçamentária. No início da tarde, houve certo desconforto nas mesas de operação com a possibilidade de mudança da meta de zerar o déficit primário para 2024, como estabelecido no arcabouço fiscal. Isso fez o dólar desacelerar bastante o ritmo de queda e flertar por alguns momentos com a estabilidade. Fala do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, descartado a possibilidade de mudança da meta fiscal e o aprofundamento da desvalorização da moeda americana lá fora, contudo, levaram o dólar novamente para baixo por aqui.
Com máxima a R$ 4,9020, registrada na primeira hora de negócios, e mínima a R$ 4,8495, a moeda encerrou a sessão cotada a R$ 4,8546, em queda de 0,42% – o que reduz a alta da divisa em agosto para 2,65%. No ano, o dólar ainda acumula desvalorização de 8,06%. Houve melhora da liquidez, que foi bem reduzida ontem. Principal termômetro do apetite por negócios, o contrato de dólar futuro para setembro movimento mais de US$ 12 bilhões.
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Reportagem do Broadcast informou que os ministros da Casa Civil (Rui Costa), da Gestão (Esther Dweck) e do Planejamento (Simone Tebet) defendem como meta para 2024 um déficit primário entre 0,5% e 0,75% do PIB em 2024. O governo tem que entregar o projeto de lei orçamentária ao Congresso até quinta-feira, 31. Logo em seguida, Haddad disse que o Orçamento de 2024 será encaminhando com “resultado equilibrado”, dado que não haveria mais tempo de mudar. “Está pronto há mais de 15 dias. O orçamento está indo equilibrado, o que significa que as receitas primárias são iguais as despesas primárias”, disse o ministro da Fazenda.
Segundo o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, parte da alta do dólar no mês se deve a um aumento do risco fiscal, com desconfiança do mercado em relação ao cumprimento da meta fiscal em 2024, dado que o governo não contempla corte de despesas. “Não dá para alcançar a meta apenas com aumento de receitas. O dólar recuou com a aprovação do arcabouço, mas ainda está acima do que já vimos neste ano” diz Velloni, em referência ao fato de a taxa de câmbio ter ficado abaixo de R$ 4,80 em julho. “Essa parte fiscal ainda é uma barreira muito grande para o real se apreciar mais”.
No exterior, o índice DXY trabalhou em queda firme ao longo do dia e no fim da tarde rondava os 103,400 pontos, após mínima aos 104,355 pontos. A moeda americana caiu na comparação com a maioria das divisas emergentes e de países exportadores de commodities. Pela manhã, o relatório Jolts mostrou que o número de vagas abertas no mercado de trabalho dos EUA caiu de 9,165 milhões em junho para 8,827 milhões em julho, quando a previsão de analistas era de 9,478 milhões.
“Esse dado de emprego, com menor abertura de vagas, mostrou uma perspectiva mais positiva no combate à inflação. Foi a notícia que acabou puxando o dólar para baixo e favoreceu o real hoje”, afirma o especialista em câmbio da Manchester Investimentos, Thiago Avallone, acrescentando que é preciso esperar os indicadores dos EUA que vão sair neta semana, em especial o relatório oficial de emprego (payroll) de agosto na sexta-feira, para saber se o movimento de perda de força do dólar no exterior pode se tornar uma tendência.
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